terça-feira, 26 de setembro de 2017

INTENSIFICAÇÃO PARA OS ALUNOS DO 8º ANO

ATIVIDADES DE INTENSIFICAÇÃO DE LEITURA LEIA UM TEXTO POR DIA. APÓS A LEITURA DIGA QUAL O TEMA DA TEXTO ? QUAL O GÊNERO? QUAL A FINALIDADE(PARA QUE SERVE)? SE TEM OPINIÃO? DEPOIS GUARDE O TEXTO E RECONTE SEM OLHAR. SE NÃO CONSEGUIR LEIA NOVAMENTE, ATÉ CONSEGUIR. SEGUNDA – TEXTO 01 O MÉDICO FANTASMA Esta história tem sido contada de pai para filho na cidade de Belém do Pará. Tudo começou numa noite de lua cheia de um sábado de verão. Dois garotos conversavam sentados na varanda da casa de um deles. — Você acredita em fantasma? — perguntou o mais novo. — Eu não! — disse o outro. — Acredita sim! — insistiu o mais novo. — Pode apostar que não — replicou o outro. — Tudo bem. Aposto minha bola de futebol que você não tem coragem de entrar no cemitério à noite. — Ah, é? — disse o garoto que fora desafiado. Pois então vamos já para o cemitério, que eu vou provar minha coragem. Assim, os dois garotos foram até a rua do cemitério. O portão estava fechado. O silêncio era profundo. Estava tão escuro... Eles começaram a sentir medo. Para ganhar a aposta, era preciso atravessar a rua e bater a mão no portão do cemitério. O garoto que tinha topado o desafio correu. Parou na frente do portão e começou a fazer careta para o amigo. Depois se encostou ao portão e tentou bater a mão nele. Foi quando percebeu que ela estava presa. — Socorro! Alguém me ajude! — ele gritou, desmaiando em seguida. Nisso apareceu um velhinho vindo do fundo do cemitério, abriu o portão e chamou o outro menino. — Seu amigo prendeu a manga da camisa no portão e desmaiou de medo. Coitadinho, pensou que algum fantasma o estivesse segurando. O garoto reparou que o velhinho era muito magro, quase transparente. — Obrigado. Como é que o senhor se chama? — Eu sou o médico daqui. Vou acordar seu amigo. O velhinho passou a mão na cabeça do menino desmaiado e ele despertou na mesma hora. — Vão pra casa, meninos — ele disse. Já passou da hora de dormir. E foi assim que os meninos perceberam que tinham conhecido um fantasma e entenderam que não precisavam ter medo de fantasmas, pois esses, apesar de misteriosos, são do bem. Heloísa Prieto. “Lá vem história outra vez: contos do folclore mundial”. São Paulo. Cia das letrinhas, 1997 INTERPRETANDO O TEXTO DIGA QUAL O TEMA DA TEXTO ? QUAL O GÊNERO? QUAL A FINALIDADE(PARA QUE SERVE)? SE TEM OPINIÃO? 1) Assinale a alternativa correta: a) No início do texto, onde estavam os personagens? ( )Os garotos estavam na escola, brincando no recreio. ( )Os garotos estavam na porta do cemitério. ( ) Os garotos estavam sentados na varanda na casa de um deles. b) Por que os meninos decidem ir ao cemitério? ( ) Para acompanhar um enterro. ( ) Devido a uma aposta que fizeram valendo uma bola de futebol. ( ) devido a uma aposta que fizeram valendo uma bola de basquete. c) O que era necessário para ganhar a aposta? ( ) Atravessar a rua e bater a mão no portão do cemitério. ( ) Atravessar a rua e entrar no cemitério. ( ) Atravessar a rua e chamar pelos fantasmas pelo portão do cemitério. d) Depois de se encostar no portão, o que aconteceu ao garoto? ( ) Sua mão ficou presa no portão, mas ele conseguiu se soltar rapidamente. ( ) Sua mão ficou presa, ele gritou e desmaiou em seguida. ( ) Sua mão ficou presa, ele ficou mudo e desmaiou em seguida. 2) O médico fantasma é uma história sobre medo, um “Conto de assombração”. Descreva o momento mais assustador da história. 3) Você ficou com medo? Por quê? 4) Como os meninos perceberam que o velhinho era um fantasma? 5) Por que será que o desafio era ter que ir ao cemitério à noite? Você aceitaria este desafio? Por que? 6) Você já passou por uma situação assustadora? Era um medo real ou imaginário? Conte aqui a sua história. TEXTO 2- A CASA DO PESADELO A estrada pela qual eu seguia em meu carro deu num campo aberto, deixando o bosque para trás. O sol estava se pondo. A fazenda mais próxima tinha um caminho cinzento que a ligava à estrada. Acelerei o carro para chegar o quanto antes à casa e entender o que estava acontecendo, mas corri demais: meu carro derrapou e se estabacou contra uma árvore. Levantei-me sem maior dificuldade e fui examiná-lo. Ficara imprestável. Já era quase noite e eu já começava a ficar aflito quando apareceu um garoto correndo pelo caminho da casa. Vestia, como era típico do lugar, uma camisa marrom aberta no peito. Tinha uma expressão que me incomodava um pouco, porque seu lábio era rasgado. Quando chegou ao local do acidente, ele não disse nada, mas logo lhe perguntei: - Onde fica a oficina mais próxima? - A oito milhas daqui, senhor. – respondeu com uma péssima pronúncia, por causa do defeito no lábio. Como a noite já estava caindo, pedi-lhe: - Posso passar a noite em sua casa? - Claro, se o senhor quiser. Mas a casa está bem desarrumada, porque papai não está e mamãe morreu há três anos. Tem pouca comida. - Não tem importância. Trouxe algumas provisões. – retruquei e fomos juntos à sua casa. No caminho até a sua casa senti uma brisa estranha, um cheiro de vegetação desagradável. Ao chegar vi que tudo estava mesmo muito largado. O garoto me instalou amavelmente num quarto pegado à entrada. Como não havia luz na casa toda, peguei três velas na minha mala. Serviram-me para iluminar meu quarto e a cozinha. Mal me acomodei, acendi a lareira e comecei a preparar o jantar com o que trazia. O garoto comentou que já havia jantado e não estava com fome. Achei estranho para um garoto da sua idade, ainda mais com aquele aspecto de quem passava necessidades, mas eu não quis dizer nada. Aproximou-se do fogo e pôs-se a aquecer as mãos. - Está com frio? – perguntei. - Sempre estou. Aproximou-se tanto das chamas da lareira que temi fosse se queimar, mas ele parecia não sentir o fogo. Preparado o jantar, pus a mesa na cozinha mesmo e jantei – sozinho e rápido. Conversamos um pouco, porque não era tarde, e o garoto me acompanhou à varanda. Sentou-se no chão, enquanto eu me embalava gostosamente numa cadeira de balanço. - O que você faz quando seu pai não está? – perguntei. - Nada, só deixo o tempo passar. Ninguém nunca vem nos visitar. A gente daqui diz que essa casa é mal-assombrada. - Você já viu algum fantasma? – perguntei intrigado. - Ver, eu nunca vi. Mas posso senti-los. De repente, senti como se um fino véu deslizasse suavemente pelo meu rosto. Levantei-me de repente. - Ei! Você viu? – exclamei confuso. - Não vi nada. O que foi? - Não sei... Um véu. Roçou-me no rosto – expliquei. - Não tenha medo. Deve ser um dos fantasmas que correm pela casa. Na certa é minha mãe. – disse ele tranquilamente. Naquele momento, achei que o garoto não regulava bem. Despedi-me dele, desejei-lhe boa noite e fui dormir, agora já meio desconfiado. Caí num sono profundo mas, passado um bom tempo, um sonho arrepiante me acordou. Um pesadelo terrível: ali mesmo, no meu quarto, uma enorme fera, como que um javali disforme, de presas ameaçadoras, grunhia diante de mim. Tinha uma atitude muito agressiva e pusera suas patas na cama, a ponto de pular em cima de mim. Acordei suando, apavorado. Não consegui mais dormir. Quis chamar o garoto, e só então me dei conta de que não sabia seu nome. Não tinha pensado em perguntá-lo e ele não tinha se apresentado. Gritei ‘oi’ repetidas vezes, mas ninguém respondeu. Só ouvi o eco dos meus gritos entre aquelas paredes vazias. Sentia meu coração bater como se fosse sair pela boca. Não estava gostando nada daquilo. Resolvi então ir embora daquela casa sem perder nem mais um minuto. Para não ser mal agradecido, deixei algum dinheiro em cima da mesa da cozinha. Saí, segui a estrada a pé, decidido a encontrar a tal oficina. O sol já tinha raiado quando cheguei à primeira fazenda. Um homem veio ao meu encontro. Contei-lhe meu acidente de automóvel da noite anterior e ele me perguntou onde tinha passado a noite. Ao lhe explicar onde tinha dormido, olhou para mim com cara de incredulidade. - Como é que lhe passou pela cabeça entrar ali? Não sabe o que dizem dessa casa? - O garoto me levou – respondi. - Que garoto? - O do lábio rasgado – afirmei com segurança. Com cara de quem havia compreendido tudo, me perturbou com suas palavras: - Desta vez não há dúvida. Esse garoto que o levou até a casa é um fantasma. Você não sabia, não é? Ele morreu há seis meses. ( A casa do pesadelo, de Edward White. Em O grande livro do medo ) TEXTO 3- O conto “OS TRÊS IRMÃOS “ Era uma vez três irmãos que caminhavam por uma estrada solitária e sinuosa ao crepúsculo, a certa altura, os irmãos chegaram a um rio demasiado fundo para passar a pé e demasiado perigoso para atravessar a nado. Contudo, esses irmãos eram exímios em artes magicas, por isso limitaram-se a agitar as varinhas e fizeram aparecer uma ponte sobre as aguas traiçoeiras. Iam a meio desta quando encontraram o caminho bloqueado por uma figura encapuzada. E a Morte falou-lhes. Estava zangada por ter sido defraudada em três novas vítimas, pois normalmente os viajantes afogavam-se no rio. Mas a Morte era astuta. Fingiu felicitar os três irmãos pela sua magia e disse que cada um deles havia ganho um prémio por ter sido suficientemente esperto para a evitar. E assim, o irmão mais velho, que era um homem combativo, pediu uma varinha mais poderosa que todas as que existissem: uma varinha que vencera a Morte! Portanto a Morte foi até um velho sabugueiro na margem do rio, moldou uma varinha de um ramo tombado e deu-a ao irmão mais velho. Depois, o segundo irmão, que era um homem arrogante, decidiu que queria humilhar ainda mais a Morte e pediu o poder de trazer outros de volta da Morte. Então a Morte pegou numa pedra da margem do rio e deu-a ao segundo irmão, dizendo-lhe que a pedra teria o poder de fazer regressar os mortos. E depois a Morte perguntou ao terceiro irmão, o mais jovem, do que gostaria ele. O irmão mais novo era o mais humilde e também o mais sensato dos irmãos, e não confiava na Morte. Por isso, pediu qualquer coisa que lhe permitisse sair daquele local sem ser seguido pela Morte. E esta, muito contrariada, entregou-lhe o seu próprio Manto de Invisibilidade. Depois a Morte afastou-se e permitiu que os três irmãos prosseguissem o seu caminho, e eles assim fizeram, falando com espanto a aventura que tinham vivido, e admirando os presentes da Morte. A seu tempo, os irmãos separaram-se, seguindo cada um o seu destino.O primeiro irmão continuou a viajar durante uma semana ou mais e, ao chegar a uma vila distante, foi procurar um outro feiticeiro com quem tinha desavenças. Naturalmente, com a Varinha do Sabugueiro como arma, não podia deixar de vencer o duelo que se seguiu. Abandonando o inimigo morto estendido no chão, o irmão mais velho dirigiu-se a uma estalagem onde se gabou, alto e bom som, da poderosa varinha que arrancara à própria Morte, e que o tornava invencível.Nessa mesma noite, outro feiticeiro aproximou-se silenciosamente do irmão mais velho, que se achava estendido na sua cama, encharcando em vinho. O ladrão roubou a varinha e, à cautela, cortou o pescoço ao irmão mais velho.Assim a Morte levou consigo o irmão mais velho. Entretanto, o segundo irmão viajara para sua casa, onde vivia sozinho. Aí, pegou na pedra que tinha o poder de fazer regressar os mortos, e fê-la girar três vezes na mão. Para seu espanto e satisfação, a figura da rapariga que em tempos esperava desposar, antes da sua morte prematura, apareceu imediatamente diante dele.No entanto, ela estava triste e fria, separada dele como que por um véu. Embora tivesse voltado ao mundo mortal, não pertencia verdadeiramente ali, e sofria. Por fim o segundo irmão louco de saudades não mitigadas, suicidou-se para se juntar verdadeiramente com ela. E assim a Morte levou consigo o segundo irmão. Mas embora procurasse durante muitos anos o terceiro irmão, a Morte nunca conseguiu encontra-lo. Só ao atingir uma idade provecta é que o irmão mais novo tirou finalmente o manto de invisibilidade e deu ao seu filho. E então acolheu a Morte como uma velha amiga, e foi com ela satisfeito e, como iguais, abandonaram esta vida. TEXTO – 4 A Morte e o Ferreiro Há muito tempo, quando os bichos falavam e o sol tinha fases como a Lua, dois reinos vizinhos entraram em guerra. Foram tantas as batalhas que a Morte quase se cansou de trabalhar. Levava gente da manhã à noite, mesmo aos domingos. Quando tudo terminou, sete anos depois, a gadanha dela tinha perdido o fio e quebrado a ponta. Então a Morte procurou um ferreiro, numa pequena aldeia, perto do último campo de batalha. Ele era um homem valente, não se assustou ao ver a Morte parada na porta. -Já chegou a minha hora? -Não. Preciso dos seus serviços. A Morte mostrou a gadanha. -Precisa de uma lâmina nova-o ferreiro disse. -Vai demorar um pouco. Melhor a senhora se sentar. -Eu nunca sento - a Morte respondeu. Entregou a gadanha e ficou num canto, confundida com as sombras. O ferreiro segurou a gadanha, sentiu o peso dela e disse: -Parece uma gadanha comum. -É uma gadanha comum, na mão dos outros - a Morte disse. O ferreiro trabalhou a noite toda. Pela madrugada, a gadanha tinha uma lâmina nova. Chegava a brilhar de tão afiada e pontuda. A Morte saiu das sombras, pegou a gadanha, examinou-a. -Ficou muito boa, ferreiro. Quanto lhe devo? -Nada -Então, obrigada. Até outro dia. -Espere aí. Quero um favor em troca. A Morte esperou. -Quero que a senhora me avise com antecedência. Para eu me preparar pra minha hora. -Avisarei - ela disse sem nem virar, e sumiu na rua. Anos e anos se passaram. O ferreiro nunca mais teve notícia da Morte. Na verdade até esqueceu dela. Uma noite, voltando pra casa, viu um brilho branco nas sombras. Eram os dentes da Morte sob o capuz preto. O ferreiro disse: -Tudo bem? Veio me avisar? -Não. Vim buscá-lo. -Mas como?! A senhora prometeu que ia me avisar com antecedência. -Eu avisei. -Não recebi aviso nenhum. -Seus cabelos ficaram brancos? -Ficaram. -Seu rosto se encheu de rugas? -Sim. -Suas pernas ficaram fracas? -Ficaram. Estou até usando bengala. -Suas costas encurvaram? -Encurvaram. -Então, ferreiro? Quantos avisos mais você queria? -Mas velho assim eu posso morrer com oitenta anos, com cem ou cento e vinte. Um aviso desses não me serve. Quero hora com lugar certos. -Está bem. Dentro de sete dias, aqui no jardim - a Morte disse e sumiu. O ferreiro ficou quieto, pensando. Sete dias não era muito. Precisava se apressar. Mas o ferreiro não se apressou. Nesses sete dias, fez o que sempre fazia, do jeito que sempre fazia. Apenas passou mais tempo com os netos, contando histórias. Quando o prazo se encerrou, ele estava no jardim, à espera da Morte. Ele não disse nada. Ela também não disse nada. Foram andando juntos como velhos amigos. Contos de Morte morrida. TEXTO 5- A ONÇA E O BODE O Bode foi ao mato procurar lugar para fazer uma casa. Achou um sítio bom. Roçou-o e foi-se embora. A Onça que tivera a mesma ideia, chegando ao mato e encontrando o lugar já limpo, ficou radiante. Cortou as madeiras e deixou-as no ponto. O Bode, deparando a madeira já pronta, aproveitou-se, erguendo a casinha. A Onça voltou e tapou-a de taipa. Foi buscar seus móveis e quando regressou encontrou o Bode instalado. Verificando que o trabalho tinha sido de ambos, decidiram morar juntos. Viviam desconfiados, um do outro. Cada um teria sua semana para caçar. Foi a Onça e trouxe um cabrito, enchendo o Bode de pavor. Quando chegou a vez deste, viu uma onça abatida por uns caçadores e a carregou até a casa, deixando-a no terreiro. A Onça vendo a companheira morta, ficou espantada: — Amigo Bode, como foi que você matou essa onça? — Ora, ora… Matando!… Respondeu o Bode cheio de empáfia. Porém, insistindo sempre a Onça em perguntar-lhe como havia matado a companheira, disse o Bode: — Eu enfiei este anel de contas no dedo, apontei-lhe o dedo e ela caiu morta. A Onça ficou toda arrepiada, olhando o Bode pelo canto do olho. Depois de algum tempo, disse o Bode: — Amiga Onça, eu lhe aponto o dedo… A Onça pulou para o meio da sala gritando: — Amigo Bode, deixe de brinquedo… Tornou o Bode a dizer que lhe apontava o dedo, pulando a Onça para o meio do terreiro. Repetiu o Bode a ameaça e a onça desembandeirou pelo mato a dentro, numa carreira danada, enquanto ouviu a voz do Bode: — Amiga Onça, eu lhe aponto o dedo… Nunca mais a Onça voltou. O Bode ficou, então, sozinho na sua casa, vivendo de papo para o ar, bem descansado. – Em: Contos tradicionais do Brasil (folclore), Luís da Câmara Cascudo, Rio de Janeiro, Edições de Ouro: 1967 ATIVIDADES DE INTENSIFICAÇÃO DE LEITURA E ESCRITA PROF: LUZIA JOELMA TAREFA: 01 DIA DA SEMANA: __________ NOME: • Ler um texto por dia e recontar com suas palavras. UTILIZAR o código Q.T, Q.G,Q.F e T.O TEXTO 1- SOPA DE PEDRAS Pedro Malasarte era um cara danado de esperto. Um dia ele estava ouvindo a conversa do pessoal na porta da venda. Os matutos falavam de uma velha avarenta que morava num sítio pros lados do rio. Cada um contava um caso pior que o outro: ― A velha é unha-de-fome. Não dá comida nem pros cachorros que guardam a casa dela ― dizia um. ― Quando chega alguém pro almoço, ela conta os grãos de feijão pra pôr no prato. Verdade! Quem me contou foi o Chico Charreteiro, que não mente ― afirmava outro. ― Eta velha pão-dura! ― comentava um terceiro. ― Dali não sai nada. Ela não dá nem bom-dia. O Pedro Malasarte ouvindo. Ouvindo e matutando. Daí a pouco entrou na conversa: ― Querem apostar que pra mim ela vai dar uma porção de coisas, e de boa vontade? ― Tu tá é doido! ― disseram todos. ― Aquela velha avarenta não dá nem risada! ― Pois aposto que pra mim ela vai dar ― insistiu o Pedro. ― Quanto vocês apostam? A turma apostou alto, na certeza de ganhar. Mas o Pedro Malasarte, muito matreiro, já tinha um plano na cabeça. Juntou umas roupas, umas panelas, um fogãozinho, amarrou a trouxa e se mandou pra casa da velha. Era meio longe, mas pra ganhar aposta o Malasarte não tinha preguiça. O Pedro foi chegando, foi arranchando, ali bem perto da porteira do sítio da velha. Esperou um tempo pra ser notado. Quando viu que a velha já tinha reparado nele, armou o fogãozinho, botou a panela em cima, cheia de água, e acendeu o fogo. E ficou o dia inteiro cozinhando água. A velha, lá da casa, só espiando. E a panela fumegando. E o Pedro atiçando o fogo. Não demorou muito a velha não aguentou a curiosidade e veio dar uma espiada. Passou perto, olhou, assuntou, e foi embora. O Pedro firme, atiçando o fogo. No dia seguinte, panela no fogo, fervendo água, soltando fumaça. Pedro atiçando o fogo. A velha olhando de longe, lá de dentro da casa. Até que ela não conseguiu mais se segurar de curiosidade. Saiu e veio negaceando, olhar de perto. O Pedro pensou: “É hoje!”. Catou umas pedras no chão, lavou bem e jogou dentro da panela. E ficou atiçando o fogo pra ferver mais depressa. A velha não se conteve: ― Oi, moço, tá cozinhando pedra? ― Ora, pois sim senhora, dona ― respondeu o Pedro. ― Vou fazer uma sopa. ― Sopa de pedra? ― perguntou a velha com uma careta. ― Essa não, seu moço! Onde já se viu isso? ― Pois garanto que dá uma sopa pra lá de boa. ― Demora muito para cozinhar? ― perguntou a velha ainda duvidando. ― Demora um bocado. ― E dá para comer? ― Claro, dona! Então eu ia perder tempo à toa? A velha olhava as pedras, olhava pro Pedro. E ele atiçando o fogo, e a panela fervendo. A velha meio incrédula, meio acreditando. ― É gostosa, essa sopa? ― perguntou ela depois de um tempo. ― É ― respondeu o Malasarte. ― Mas fica mais gostosa se a gente puser um temperinho. ― Por isso não ― disse a velha. ― Eu vou buscar. Foi e trouxe cebola, cheiro-verde, sal com alho. ― Tomate a senhora não tem? ― perguntou o Pedro. A velha foi buscar e voltou com três, bem maduros. Pedro botou tudo dentro da panela, junto com as pedras. E atiçou o fogo. ― Vai ficar bem gostosa ― disse ele. ― Mas se a gente tivesse um courinho de porco... ― Pois eu tenho lá em casa ― disse a velha. E foi buscar. Couro na panela, lenha no fogo, a velha sentada espiando. Daí a pouco ela perguntou: ― Não precisa pôr mais nada? ― Até que ficava mais suculenta se a gente pusesse umas batatas, um pouco de macarrão... A velha já estava com vontade de tomar a sopa, e perguntou: ― Quando ficar pronta, posso provar um pouco? ―Claro, dona! Aí ela foi e trouxe o macarrão e as batatas. O Malasarte atiçou o fogo, pro macarrão cozinhar depressa. Daí a pouco a velha já estava com água na boca! ― Hum, a sopa tá cheirando gostosa! Será que as pedras já amoleceram? Em vez de responder, o Pedro perguntou: ― A senhora não tem uma linguicinha no fumeiro? Ia ficar tão bom... Lá foi a velha de novo buscar a linguiça. Cozinha que cozinha a sopa ficou pronta. Malasarte então pediu dois pratos e talheres, a velha trouxe. O Pedro encheu os pratos, deu um pra ela. Separou as pedras e jogou no mato. ― Ué, moço, na vai comer as pedras? ― Tá doido! ― respondeu o Malasarte. ― Eu lá tenho dente de ferro pra comer pedra? E tratou de se mandar o mais depressa que pôde. Foi correndo pra venda, cobrar o dinheiro da aposta. Contos populares para crianças da América Latina. 1- Leia o texto acima e reconte com suas palavras no seu caderno. USE O DICIONÁRIO 2- De o significado das palavras abaixo. trouxa: arranchar: fumegar: atiçar: negacear: incrédulo: 3-Reescreva as frases a seguir substituindo as palavras em destaque por outras com significados adequados ao contexto. Não se esqueça de fazer as adaptações necessárias. a) Os matutos falavam de uma velha avarenta que morava num sítio pros lados do rio. b) Mas o Pedro Malasarte, muito matreiro, já tinha um plano na cabeça. c) ― A senhora não tem uma linguicinha no fumeiro? 4) Releia o trecho abaixo: Pedro Malasarte era um cara danado de esperto. Um dia ele estava ouvindo a conversa do pessoal na porta da venda. Os matutos falavam de uma velha avarenta que morava num sítio pros lados do rio. Cada um contava um caso pior que o outro: ― A velha é unha-de-fome. Não dá comida nem pros cachorros que guardam a casa dela ― dizia um. a) No texto está escrito que a velha é avarenta. Copie o trecho do quadro que poderia explicar o significado dessa palavra. b) A palavra matutos também está destacada. No trecho há outras palavras que se referem a matutos. Assinale a alternativa correta. ( ) cara danado de esperto ( ) pessoal na porta da venda ( ) velha avarenta ( ) cachorros que guardam a casa dela 5- Qual foi a aposta que Pedro fez com os matutos? 6- Pedro conseguiu que a velha desse vários ingredientes para a sua sopa. a) Copie do texto todos os ingredientes que a velha deu para colocar na sopa. b) Como Pedro conseguiu que a velha, mesmo sendo avarenta, desse todos esses ingrediente 7- Releia o trecho em destaque “Mas o Pedro Malasarte, muito matreiro, já tinha um plano na cabeça.”Qual era o plano de Pedro Malasarte? 8- Numere as frases, do 1 a 6, de acordo com a ordem dos acontecimentos: ( ) Malasarte foi cobrar o dinheiro da aposta. ( ) A velha buscou alguns temperos para a sopa. ( ) Os matutos falavam sobre uma velha avarenta. ( ) Pedro ouviu a conversa na venda. ( ) Pedro abrigou-se próximo à porteira do sítio da velha. ( ) Pedro fez uma aposta com os matutos. 9-Leia as frases e observe os verbos destacados: a) “Aí ela foi e trouxe o macarrão e as batatas.” b) ― Ficará bem gostosa! c) “― Pois garanto que dá uma sopa pra lá de boa.” 10- Reescreva a frase passando-a para o futuro. O PEDRO ENCHEU OS PRATOS, DEU UM PRA ELA. SEPAROU AS PEDRAS E JOGOU NO MATO. 11-Observe as palavras retiradas do texto: Explique por que todas terminam com a letra “U”: Texto 2 "UM PROBLEMA DIFÍCIL"- Conto de Pedro Bandeira* Era um problema dos grandes. A turminha reuniu-se para discuti-lo e Xexéu voltou para casa preocupado. Por mais que pensas se, não atinava com uma solução. Afinal, o que poderia ele fazer para resolver aquilo? Era apenas um menino! Xexéu decidiu falar com o pai e explicar direitinho o que estava acontecendo. O pai ouviu calado, muito sério, compreendendo a gravidade da questão. Depois que o garoto saiu da sala, o pai pensou um longo tempo. Era mesmo preciso enfrentar o problema. Não estava em suas mãos, porém, resolver um caso tão difícil. Procurou o guarda do quarteirão, um sujeito muito amigo que já era conhecido de todos e costumava sempre dar uma paradinha para aceitar um cafezinho oferecido por algum dos moradores. O guarda ouviu com a maior das atenções. Correu depois para a delegacia e expôs ao delegado tudo o que estava acontecendo. O delegado balançou a cabeça, concordando. Sim, alguma coisa precisava ser feita, e logo! Na mesma hora, o delegado passou a mão no telefone e ligou para um vereador, que costumava sensibilizar-se com os problemas da comunidade. Do outro lado da linha, o vereador ouviu sem interromper um só instante. Foi para a prefeitura e pediu uma audiência ao prefeito. Contou tudo, tintim por tintim. O prefeito ouviu todos os tintins e foi procurar um deputado estadual do mesmo partido para contar o que havia. O deputado estadual não era desses políticos que só se lembram dos problemas da comunidade na hora de pedir votos. Ligou para um deputado federal, pedindo uma providência urgente. O deputado federal ligou para o governador do estado, que interrompeu uma conferência para ouvi-lo. O problema era mesmo grave, e o governador voou até Brasília para pedir uma audiência ao ministro. O ministro ouviu tudinho e, como já tinha reunião marcada com o presidente, aproveitou e relatou-lhe o problema. O presidente compreendeu a gravidade da situação e convocou uma reunião ministerial. O assunto foi debatido e, depois de ouvir todos os argumentos, o presidente baixou um decreto para resolver a questão de uma vez por todas. Aliviado, o ministro procurou o governador e contou-lhe a solução. O governador então ligou para o deputado federal, que ficou muito satisfeito. Falou com o deputado estadual, que, na mesma hora, contou tudo para o prefeito. O prefeito mandou chamar o vereador e mostrou-lhe que a solução já tinha sido encontrada. O vereador foi até a delegacia e disse a providência ao delegado. O delegado, contente com aquilo, chamou o guarda e expôs a solução do problema. O guarda, na mesma hora, voltou para a casa do pai do Xexéu e, depois de aceitar um café, relatou-lhe satisfeito que o problema estava resolvido. O pai do Xexéu ficou alegríssimo e chamou o filho. Depois de ouvir tudo, o menino arregalou os olhos: - Aquele problema? Ora, papai, a gente já resolveu há muito tempo! *Pedro Bandeira, autor deste conto, é escritor. Ganhou o Prêmio Jabuti na categoria Melhor Livro Infantil em 1986 com O Fantástico Mistério de Feiurinha (Ed. FTD). TEXTO 03 A onça e o bode O Bode foi ao mato procurar lugar para fazer uma casa. Achou um sítio bom. Roçou-o e foi-se embora. A Onça que tivera a mesma ideia, chegando ao mato e encontrando o lugar já limpo, ficou radiante. Cortou as madeiras e deixou-as no ponto. O Bode, deparando a madeira já pronta, aproveitou-se, erguendo a casinha. A Onça voltou e tapou-a de taipa. Foi buscar seus móveis e quando regressou encontrou o Bode instalado. Verificando que o trabalho tinha sido de ambos, decidiram morar juntos. Viviam desconfiados, um do outro. Cada um teria sua semana para caçar. Foi a Onça e trouxe um cabrito, enchendo o Bode de pavor. Quando chegou a vez deste, viu uma onça abatida por uns caçadores e a carregou até a casa, deixando-a no terreiro. A Onça vendo a companheira morta, ficou espantada: — Amigo Bode, como foi que você matou essa onça? — Ora, ora… Matando!… Respondeu o Bode cheio de empáfia. Porém, insistindo sempre a Onça em perguntar-lhe como havia matado a companheira, disse o Bode: — Eu enfiei este anel de contas no dedo, apontei-lhe o dedo e ela caiu morta. A Onça ficou toda arrepiada, olhando o Bode pelo canto do olho. Depois de algum tempo, disse o Bode: — Amiga Onça, eu lhe aponto o dedo… A Onça pulou para o meio da sala gritando: — Amigo Bode, deixe de brinquedo… Tornou o Bode a dizer que lhe apontava o dedo, pulando a Onça para o meio do terreiro. Repetiu o Bode a ameaça e a onça desembandeirou pelo mato a dentro, numa carreira danada, enquanto ouviu a voz do Bode: — Amiga Onça, eu lhe aponto o dedo… Nunca mais a Onça voltou. O Bode ficou, então, sozinho na sua casa, vivendo de papo para o ar, bem descansado. Em: Contos tradicionais do Brasil (folclore), Luís da Câmara Cascudo, Rio de Janeiro, Edições de Ouro: 1967 TEXTO 04 O TOURO E O HOMEM Um touro, que vivia nas montanhas, nunca tinha visto o homem. Mas sempre ouvia dizer por todos os animais que ele era o animal mais valente do mundo. Tanto ouviu dizer isto que, um dia, se resolveu a ir procurar o homem para saber se tal dito era verdadeiro. Saiu das brenhas e, ganhando uma estrada, seguiu por ela. Adiante encontrou um velho que caminhava apoiado a um bastão. Dirigindo-se a ele perguntou: - Você é o bicho homem? - Não - repondeu o velho. - Já fui, mas não sou mais! O touro seguiu adiante encontrou uma velha: - Você é o bicho homem? - Não sou a mãe do bicho homem! Adiante encontrou um menino: - Você é o bicho homem? - Não! Ainda hei de ser, sou o filho do bicho homem. Adiante encontrou o bicho homem que vinha com um bacamarte no ombro. - Você é o bicho homem? - Está falando com ele! - Estou cansado de ouvir dizer que o bicho homem é o mais valente do mundo, e vim procurá-lo para saber se é mais valente do que eu! -Então, vá lá! - disse o homem, armando o bacamarte, e disparando-lhe um tiro nas ventas. O touro, desesperado de dor, meteu-se no mato e correu até sua casa, onde passou muito tempo se tratando do ferimento. Depois, estando ele numa reunião de animais, um lhe perguntou: - Então, camarada touro, encontrou o bicho homem? - Ah! Meu amigo, só com um espirro que ele me deu na cara, olhe em que estado fiquei. CASCUDO, Luís da Câmara. Contos Tradicionais do Brasil. São Paulo: Global Editora, 2003. p. 8 - 10 TEXTO 05 O Bicho Folharal Cansada de ser enganada pela raposa e de não poder segurá-la, a onça resolveu atraí-la à sua furna. Fez para esse efeito correr a notícia de que tinha morrido e deitou-se no meio da sua caverna, fingindo-se de morta. Todos os bichos, contentes, vieram olhar o seu corpo. A raposa também veio, mas meio desconfiada ficou olhando de longe. E por trás dos outros animais gritou: "Minha avó, quando morreu, espirrou três vezes. Espirrar é o sinal verdadeiro de morte..." A Onça, para mostrar que estava morta de verdade, espirrou três vezes. A raposa fugiu, às gargalhadas. Furiosa, a onça resolveu apanhá-la ao beber água. Havia seca no sertão e somente uma cacimba ao pé de uma serra tinha ainda um pouco de água. Todos os animais selvagens eram obrigados a beber ali. A onça ficou à espera da adversária, junto da cacimba, dia e noite. Nunca a raposa sentira tanta sede. Ao fim de três dias já não aguentava mais. Resolveu ir beber, usando duma astúcia qualquer. Achou um cortiço de abelhas, furou-o e com o mel que dele escorreu untou todo o seu corpo. Depois, espojou-se num monte de folhas secas, que se pregaram aos seus pêlos e cobriram-na toda. Imediatamente, foi à cacimba. A onça olhou-a bem e perguntou: "Que bicho és tu que eu não conheço, que eu nunca vi?" "Sou o bicho Folharal...", respondeu a raposa "Podes beber...." Desceu a rampa do bebedouro, meteu-se na água, sorvendo-a com delícia, e a onça, lá em cima, desconfiada, vendo-a beber demais, como quem trazia uma sede de vários dias, dizia: "Quanto bebes, Folharal!" Mas a água amoleceu o mel e as folhas foram caindo às porções. Quando já havia bebido o suficiente, e a última folha caíra, a onça reconhecera a inimiga esperta e pulara ferozmente sobre ela, mas a raposa conseguira fugir. Conto do folclore africano, Compilado por Couto Magalhães em 1876.

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