terça-feira, 26 de setembro de 2017

COESÃO E COERÊNCIA

Leia o texto, completando-o com as conjunções a seguir: ALÉM DISSO - ASSIM - COMO - NO ENTANTO POIS - DESSA FORMA - E Dia da mentira Você já caiu em alguma brincadeirinha do Dia da Mentira? Sim? A prática de contar mentiras, por mais bizarras que sejam, em um dia específico, é algo muito comum entre crianças. ______________, os adultos também parecem adorar tal data para inventar uma lorota aqui ou acolá. Quer um exemplo? Em 1957, a respeitadíssima rede de televisão britânica BBC mostrou uma matéria sobre determinadas árvores na Suíça que produziam macarrão. Você acreditaria nisso? De fato, o Dia da Mentira surgiu no século XVI, na França, e foi fruto de um grande mal-entendido. Até tal século, os franceses seguiam o calendário Juliano. Conforme o mesmo, a comemoração do Ano Novo ocorreria no primeiro dia de Abril. Em 1564, o rei Carlos IX estabeleceu que a França deveria seguir o calendário Gregoriano, no qual o novo ano se inicia no primeiro dia de janeiro. Alguns franceses não aceitaram essa mudança. _______________, naquela época as notícias andavam lentamente, ___________ não havia meios de comunicação. _______________, muitas pessoas sequer ficaram sabendo da alteração estabelecida pelo rei. ______________, continuaram a comemorar o Ano Novo no dia primeiro de Abril. Essas pessoas começaram a ser alvo de muitas brincadeiras, chacotas _______________ piadas dos franceses bem-informados. A partir daí, a data se consolidou _____________ o dia reservado às maiores mentiras e peripécias. Complete, adequadamente, o texto a seguir com as conjunções indicadas. Para que, mas, no entanto, quando, caso, logo, se, segundo, ainda que, como. _______ o senso popular, a educação é o bem maior que uma nação pode dar aos seus filhos. ___________, ______________ isso seja verdade, a pátria mãe brasileira não cumpre o seu papel. Nos últimos anos o representante mor deste país alardeava, aos quatros ventos, que estamos economicamente resolvidos, justificando, assim, o empréstimo de dinheiro a países pobres, distribuindo dinheiro público sob o codinome “bolsa”. _________, e a educação brasileira? Como fica? ____________ há fundos sobejando, que ações realmente efetivas foram tomadas ______________ se solucionassem os problemas da educação? _____________, acreditarei que temos uma pátria benevolente, uma mãe pátria, ____________ ela de fato agir ____________ deve, ou seja, promover o conhecimento, a estruturação educacional, a valorização do magistério. ____________ contrário, a meu ver, nossa real situação é de orfandade. Complete o texto abaixo, com as palavras destacadas, de forma a torná-lo coeso e coerente: além de - quando - embora - mas - se - que - que - como - mesmo que - se - como A ansiedade costuma surgir______________se enfrenta uma situação desconhecida. Ela é benéfica__________prepara a mente para desafios, _________ falar em público. ______________,_______________ provoca preocupação exagerada, tensão muscular, tremores, in¬sônia, suor demasiado, taquicardia, medo de falar com estranhos ou de ser criticado em situações sociais, pode indicar uma ansiedade generalizada, ______________ requer acompanhamento médico, ou até transtornos mais graves,________________ fobia, pânico ou obsessão compulsiva. ___________ apenas 20% das vítimas de ansiedade busquem ajuda médica, o problema pode e deve ser tratado. ___________ se pro¬cure um clínico-geral num primeiro momento, é importante a orientação de um psiquiatra, _____________prescreverá a medicação adequada. A terapia, em geral, é à base de antidepressivos. "Hoje existe uma geração mais moderna desses remédios", explica o psiquiatra Márcio Bernik, de São Paulo, coordenador do Ambulatório de Ansiedade, da Faculdade de Medi¬cina da Universidade de São Paulo. "____________mais eficazes, não provocam ganho de peso nem oscilação no desejo sexua1." Outra vantagem: não apresentam riscos ao paciente caso ele venha a ingerir uma dosagem muito alta. COESÃO E COERÊNCIA - EXERCÍCIOS I. REESCREVA OS TRECHOS FAZENDO A DEVIDA COESÃO. UTILIZE ARTIGOS, PRONOMES OU ADVÉRBIOS. Elipse DE UM TERMO) TAMBÉM É UM MECANISMO DE COESÃO. 1. A gravata do uniforme de Pedro está velha e surrada. A minha gravata está novinha em folha. 2. Ontem fui conhecer o novo apartamento do Tiago. Tiago comprou o apartamento com o dinheiro recebido do jornal. 3. Perto da estação havia um pequeno restaurante. No restaurante costumavam reunir-se os trabalhadores da ferrovia. 4. No quintal, as crianças brincavam. O prédio vizinho estava em construção. Os carros passavam buzinando. As brincadeiras, o barulho da construção e das buzinas tiravam-me a concentração no trabalho que eu estava fazendo. 5. Os convidados chegaram atrasados. Os convidados tinham errado o caminho e custaram a encontrar alguém que orientasse o caminho aos convidados. 6. Os candidatos foram convocados por edital. Os candidatos deverão apresentar-se, munidos de documentos, até o dia 24. II. USE OS PRONOMES ADEQUADOS: 1. Um encapuzado atravessou a praça e sumiu ao longe. Que vulto era _____ a vagar, altas horas da noite, pela rua deserta? 2. Jorge teria dinheiro, muito dinheiro, carros de luxo e mulheres belíssimas. _____ eram as fantasias que passavam pela mente de Jorge enquanto se dirigia para o primeiro treino na seleção. 3. Marcelo será promovido, mas terá de aposentar-se logo a seguir. Foi _____ que me revelou um amigo do diretor. 4. Todos pensam que a CPI acabará em pizza, mas não queremos acreditar _____. 5. Luís e Paulo trabalham juntos num escritório de advocacia. _____ dedica-se a causas criminais, _____ a questões tributárias. 6. Soube que você irá ocupar um alto cargo na empresa e que está de mudança para uma casa mais próxima do seu local de trabalho. Se _____ me chateou, já que somos vizinhos há tantos anos, _____ me deixou muito contente. III. RESTAURE A COESÃO NAS SENTENÇAS: 1. Um homem caminhava pela rua deserta: esfarrapado, cabisbaixo, faminto, abandonado à própria sorte. _____ parecia não notar a chuva fina que caía e _____ encharcava os ossos. 2. Os grevistas paralisaram todas as atividades da fábrica. _____ durou uma semana. 3. Vimos o carro do ministro aproximar-se. Alguns minutos depois, _____ estacionava no pátio do Palácio do Governo. 4. Imagina-se que existam outros planetas habilitados. _____ tem ocupado a mente dos cientistas desde que os OVNIS começaram a ser avistados. 5. O presidente americano disse: Quem é favorável ao Eixo do Mal estará contra mim. _____ marcou uma etapa nas relações internacionais.

INTENSIFICAÇÃO PARA OS ALUNOS DO 8º ANO

ATIVIDADES DE INTENSIFICAÇÃO DE LEITURA LEIA UM TEXTO POR DIA. APÓS A LEITURA DIGA QUAL O TEMA DA TEXTO ? QUAL O GÊNERO? QUAL A FINALIDADE(PARA QUE SERVE)? SE TEM OPINIÃO? DEPOIS GUARDE O TEXTO E RECONTE SEM OLHAR. SE NÃO CONSEGUIR LEIA NOVAMENTE, ATÉ CONSEGUIR. SEGUNDA – TEXTO 01 O MÉDICO FANTASMA Esta história tem sido contada de pai para filho na cidade de Belém do Pará. Tudo começou numa noite de lua cheia de um sábado de verão. Dois garotos conversavam sentados na varanda da casa de um deles. — Você acredita em fantasma? — perguntou o mais novo. — Eu não! — disse o outro. — Acredita sim! — insistiu o mais novo. — Pode apostar que não — replicou o outro. — Tudo bem. Aposto minha bola de futebol que você não tem coragem de entrar no cemitério à noite. — Ah, é? — disse o garoto que fora desafiado. Pois então vamos já para o cemitério, que eu vou provar minha coragem. Assim, os dois garotos foram até a rua do cemitério. O portão estava fechado. O silêncio era profundo. Estava tão escuro... Eles começaram a sentir medo. Para ganhar a aposta, era preciso atravessar a rua e bater a mão no portão do cemitério. O garoto que tinha topado o desafio correu. Parou na frente do portão e começou a fazer careta para o amigo. Depois se encostou ao portão e tentou bater a mão nele. Foi quando percebeu que ela estava presa. — Socorro! Alguém me ajude! — ele gritou, desmaiando em seguida. Nisso apareceu um velhinho vindo do fundo do cemitério, abriu o portão e chamou o outro menino. — Seu amigo prendeu a manga da camisa no portão e desmaiou de medo. Coitadinho, pensou que algum fantasma o estivesse segurando. O garoto reparou que o velhinho era muito magro, quase transparente. — Obrigado. Como é que o senhor se chama? — Eu sou o médico daqui. Vou acordar seu amigo. O velhinho passou a mão na cabeça do menino desmaiado e ele despertou na mesma hora. — Vão pra casa, meninos — ele disse. Já passou da hora de dormir. E foi assim que os meninos perceberam que tinham conhecido um fantasma e entenderam que não precisavam ter medo de fantasmas, pois esses, apesar de misteriosos, são do bem. Heloísa Prieto. “Lá vem história outra vez: contos do folclore mundial”. São Paulo. Cia das letrinhas, 1997 INTERPRETANDO O TEXTO DIGA QUAL O TEMA DA TEXTO ? QUAL O GÊNERO? QUAL A FINALIDADE(PARA QUE SERVE)? SE TEM OPINIÃO? 1) Assinale a alternativa correta: a) No início do texto, onde estavam os personagens? ( )Os garotos estavam na escola, brincando no recreio. ( )Os garotos estavam na porta do cemitério. ( ) Os garotos estavam sentados na varanda na casa de um deles. b) Por que os meninos decidem ir ao cemitério? ( ) Para acompanhar um enterro. ( ) Devido a uma aposta que fizeram valendo uma bola de futebol. ( ) devido a uma aposta que fizeram valendo uma bola de basquete. c) O que era necessário para ganhar a aposta? ( ) Atravessar a rua e bater a mão no portão do cemitério. ( ) Atravessar a rua e entrar no cemitério. ( ) Atravessar a rua e chamar pelos fantasmas pelo portão do cemitério. d) Depois de se encostar no portão, o que aconteceu ao garoto? ( ) Sua mão ficou presa no portão, mas ele conseguiu se soltar rapidamente. ( ) Sua mão ficou presa, ele gritou e desmaiou em seguida. ( ) Sua mão ficou presa, ele ficou mudo e desmaiou em seguida. 2) O médico fantasma é uma história sobre medo, um “Conto de assombração”. Descreva o momento mais assustador da história. 3) Você ficou com medo? Por quê? 4) Como os meninos perceberam que o velhinho era um fantasma? 5) Por que será que o desafio era ter que ir ao cemitério à noite? Você aceitaria este desafio? Por que? 6) Você já passou por uma situação assustadora? Era um medo real ou imaginário? Conte aqui a sua história. TEXTO 2- A CASA DO PESADELO A estrada pela qual eu seguia em meu carro deu num campo aberto, deixando o bosque para trás. O sol estava se pondo. A fazenda mais próxima tinha um caminho cinzento que a ligava à estrada. Acelerei o carro para chegar o quanto antes à casa e entender o que estava acontecendo, mas corri demais: meu carro derrapou e se estabacou contra uma árvore. Levantei-me sem maior dificuldade e fui examiná-lo. Ficara imprestável. Já era quase noite e eu já começava a ficar aflito quando apareceu um garoto correndo pelo caminho da casa. Vestia, como era típico do lugar, uma camisa marrom aberta no peito. Tinha uma expressão que me incomodava um pouco, porque seu lábio era rasgado. Quando chegou ao local do acidente, ele não disse nada, mas logo lhe perguntei: - Onde fica a oficina mais próxima? - A oito milhas daqui, senhor. – respondeu com uma péssima pronúncia, por causa do defeito no lábio. Como a noite já estava caindo, pedi-lhe: - Posso passar a noite em sua casa? - Claro, se o senhor quiser. Mas a casa está bem desarrumada, porque papai não está e mamãe morreu há três anos. Tem pouca comida. - Não tem importância. Trouxe algumas provisões. – retruquei e fomos juntos à sua casa. No caminho até a sua casa senti uma brisa estranha, um cheiro de vegetação desagradável. Ao chegar vi que tudo estava mesmo muito largado. O garoto me instalou amavelmente num quarto pegado à entrada. Como não havia luz na casa toda, peguei três velas na minha mala. Serviram-me para iluminar meu quarto e a cozinha. Mal me acomodei, acendi a lareira e comecei a preparar o jantar com o que trazia. O garoto comentou que já havia jantado e não estava com fome. Achei estranho para um garoto da sua idade, ainda mais com aquele aspecto de quem passava necessidades, mas eu não quis dizer nada. Aproximou-se do fogo e pôs-se a aquecer as mãos. - Está com frio? – perguntei. - Sempre estou. Aproximou-se tanto das chamas da lareira que temi fosse se queimar, mas ele parecia não sentir o fogo. Preparado o jantar, pus a mesa na cozinha mesmo e jantei – sozinho e rápido. Conversamos um pouco, porque não era tarde, e o garoto me acompanhou à varanda. Sentou-se no chão, enquanto eu me embalava gostosamente numa cadeira de balanço. - O que você faz quando seu pai não está? – perguntei. - Nada, só deixo o tempo passar. Ninguém nunca vem nos visitar. A gente daqui diz que essa casa é mal-assombrada. - Você já viu algum fantasma? – perguntei intrigado. - Ver, eu nunca vi. Mas posso senti-los. De repente, senti como se um fino véu deslizasse suavemente pelo meu rosto. Levantei-me de repente. - Ei! Você viu? – exclamei confuso. - Não vi nada. O que foi? - Não sei... Um véu. Roçou-me no rosto – expliquei. - Não tenha medo. Deve ser um dos fantasmas que correm pela casa. Na certa é minha mãe. – disse ele tranquilamente. Naquele momento, achei que o garoto não regulava bem. Despedi-me dele, desejei-lhe boa noite e fui dormir, agora já meio desconfiado. Caí num sono profundo mas, passado um bom tempo, um sonho arrepiante me acordou. Um pesadelo terrível: ali mesmo, no meu quarto, uma enorme fera, como que um javali disforme, de presas ameaçadoras, grunhia diante de mim. Tinha uma atitude muito agressiva e pusera suas patas na cama, a ponto de pular em cima de mim. Acordei suando, apavorado. Não consegui mais dormir. Quis chamar o garoto, e só então me dei conta de que não sabia seu nome. Não tinha pensado em perguntá-lo e ele não tinha se apresentado. Gritei ‘oi’ repetidas vezes, mas ninguém respondeu. Só ouvi o eco dos meus gritos entre aquelas paredes vazias. Sentia meu coração bater como se fosse sair pela boca. Não estava gostando nada daquilo. Resolvi então ir embora daquela casa sem perder nem mais um minuto. Para não ser mal agradecido, deixei algum dinheiro em cima da mesa da cozinha. Saí, segui a estrada a pé, decidido a encontrar a tal oficina. O sol já tinha raiado quando cheguei à primeira fazenda. Um homem veio ao meu encontro. Contei-lhe meu acidente de automóvel da noite anterior e ele me perguntou onde tinha passado a noite. Ao lhe explicar onde tinha dormido, olhou para mim com cara de incredulidade. - Como é que lhe passou pela cabeça entrar ali? Não sabe o que dizem dessa casa? - O garoto me levou – respondi. - Que garoto? - O do lábio rasgado – afirmei com segurança. Com cara de quem havia compreendido tudo, me perturbou com suas palavras: - Desta vez não há dúvida. Esse garoto que o levou até a casa é um fantasma. Você não sabia, não é? Ele morreu há seis meses. ( A casa do pesadelo, de Edward White. Em O grande livro do medo ) TEXTO 3- O conto “OS TRÊS IRMÃOS “ Era uma vez três irmãos que caminhavam por uma estrada solitária e sinuosa ao crepúsculo, a certa altura, os irmãos chegaram a um rio demasiado fundo para passar a pé e demasiado perigoso para atravessar a nado. Contudo, esses irmãos eram exímios em artes magicas, por isso limitaram-se a agitar as varinhas e fizeram aparecer uma ponte sobre as aguas traiçoeiras. Iam a meio desta quando encontraram o caminho bloqueado por uma figura encapuzada. E a Morte falou-lhes. Estava zangada por ter sido defraudada em três novas vítimas, pois normalmente os viajantes afogavam-se no rio. Mas a Morte era astuta. Fingiu felicitar os três irmãos pela sua magia e disse que cada um deles havia ganho um prémio por ter sido suficientemente esperto para a evitar. E assim, o irmão mais velho, que era um homem combativo, pediu uma varinha mais poderosa que todas as que existissem: uma varinha que vencera a Morte! Portanto a Morte foi até um velho sabugueiro na margem do rio, moldou uma varinha de um ramo tombado e deu-a ao irmão mais velho. Depois, o segundo irmão, que era um homem arrogante, decidiu que queria humilhar ainda mais a Morte e pediu o poder de trazer outros de volta da Morte. Então a Morte pegou numa pedra da margem do rio e deu-a ao segundo irmão, dizendo-lhe que a pedra teria o poder de fazer regressar os mortos. E depois a Morte perguntou ao terceiro irmão, o mais jovem, do que gostaria ele. O irmão mais novo era o mais humilde e também o mais sensato dos irmãos, e não confiava na Morte. Por isso, pediu qualquer coisa que lhe permitisse sair daquele local sem ser seguido pela Morte. E esta, muito contrariada, entregou-lhe o seu próprio Manto de Invisibilidade. Depois a Morte afastou-se e permitiu que os três irmãos prosseguissem o seu caminho, e eles assim fizeram, falando com espanto a aventura que tinham vivido, e admirando os presentes da Morte. A seu tempo, os irmãos separaram-se, seguindo cada um o seu destino.O primeiro irmão continuou a viajar durante uma semana ou mais e, ao chegar a uma vila distante, foi procurar um outro feiticeiro com quem tinha desavenças. Naturalmente, com a Varinha do Sabugueiro como arma, não podia deixar de vencer o duelo que se seguiu. Abandonando o inimigo morto estendido no chão, o irmão mais velho dirigiu-se a uma estalagem onde se gabou, alto e bom som, da poderosa varinha que arrancara à própria Morte, e que o tornava invencível.Nessa mesma noite, outro feiticeiro aproximou-se silenciosamente do irmão mais velho, que se achava estendido na sua cama, encharcando em vinho. O ladrão roubou a varinha e, à cautela, cortou o pescoço ao irmão mais velho.Assim a Morte levou consigo o irmão mais velho. Entretanto, o segundo irmão viajara para sua casa, onde vivia sozinho. Aí, pegou na pedra que tinha o poder de fazer regressar os mortos, e fê-la girar três vezes na mão. Para seu espanto e satisfação, a figura da rapariga que em tempos esperava desposar, antes da sua morte prematura, apareceu imediatamente diante dele.No entanto, ela estava triste e fria, separada dele como que por um véu. Embora tivesse voltado ao mundo mortal, não pertencia verdadeiramente ali, e sofria. Por fim o segundo irmão louco de saudades não mitigadas, suicidou-se para se juntar verdadeiramente com ela. E assim a Morte levou consigo o segundo irmão. Mas embora procurasse durante muitos anos o terceiro irmão, a Morte nunca conseguiu encontra-lo. Só ao atingir uma idade provecta é que o irmão mais novo tirou finalmente o manto de invisibilidade e deu ao seu filho. E então acolheu a Morte como uma velha amiga, e foi com ela satisfeito e, como iguais, abandonaram esta vida. TEXTO – 4 A Morte e o Ferreiro Há muito tempo, quando os bichos falavam e o sol tinha fases como a Lua, dois reinos vizinhos entraram em guerra. Foram tantas as batalhas que a Morte quase se cansou de trabalhar. Levava gente da manhã à noite, mesmo aos domingos. Quando tudo terminou, sete anos depois, a gadanha dela tinha perdido o fio e quebrado a ponta. Então a Morte procurou um ferreiro, numa pequena aldeia, perto do último campo de batalha. Ele era um homem valente, não se assustou ao ver a Morte parada na porta. -Já chegou a minha hora? -Não. Preciso dos seus serviços. A Morte mostrou a gadanha. -Precisa de uma lâmina nova-o ferreiro disse. -Vai demorar um pouco. Melhor a senhora se sentar. -Eu nunca sento - a Morte respondeu. Entregou a gadanha e ficou num canto, confundida com as sombras. O ferreiro segurou a gadanha, sentiu o peso dela e disse: -Parece uma gadanha comum. -É uma gadanha comum, na mão dos outros - a Morte disse. O ferreiro trabalhou a noite toda. Pela madrugada, a gadanha tinha uma lâmina nova. Chegava a brilhar de tão afiada e pontuda. A Morte saiu das sombras, pegou a gadanha, examinou-a. -Ficou muito boa, ferreiro. Quanto lhe devo? -Nada -Então, obrigada. Até outro dia. -Espere aí. Quero um favor em troca. A Morte esperou. -Quero que a senhora me avise com antecedência. Para eu me preparar pra minha hora. -Avisarei - ela disse sem nem virar, e sumiu na rua. Anos e anos se passaram. O ferreiro nunca mais teve notícia da Morte. Na verdade até esqueceu dela. Uma noite, voltando pra casa, viu um brilho branco nas sombras. Eram os dentes da Morte sob o capuz preto. O ferreiro disse: -Tudo bem? Veio me avisar? -Não. Vim buscá-lo. -Mas como?! A senhora prometeu que ia me avisar com antecedência. -Eu avisei. -Não recebi aviso nenhum. -Seus cabelos ficaram brancos? -Ficaram. -Seu rosto se encheu de rugas? -Sim. -Suas pernas ficaram fracas? -Ficaram. Estou até usando bengala. -Suas costas encurvaram? -Encurvaram. -Então, ferreiro? Quantos avisos mais você queria? -Mas velho assim eu posso morrer com oitenta anos, com cem ou cento e vinte. Um aviso desses não me serve. Quero hora com lugar certos. -Está bem. Dentro de sete dias, aqui no jardim - a Morte disse e sumiu. O ferreiro ficou quieto, pensando. Sete dias não era muito. Precisava se apressar. Mas o ferreiro não se apressou. Nesses sete dias, fez o que sempre fazia, do jeito que sempre fazia. Apenas passou mais tempo com os netos, contando histórias. Quando o prazo se encerrou, ele estava no jardim, à espera da Morte. Ele não disse nada. Ela também não disse nada. Foram andando juntos como velhos amigos. Contos de Morte morrida. TEXTO 5- A ONÇA E O BODE O Bode foi ao mato procurar lugar para fazer uma casa. Achou um sítio bom. Roçou-o e foi-se embora. A Onça que tivera a mesma ideia, chegando ao mato e encontrando o lugar já limpo, ficou radiante. Cortou as madeiras e deixou-as no ponto. O Bode, deparando a madeira já pronta, aproveitou-se, erguendo a casinha. A Onça voltou e tapou-a de taipa. Foi buscar seus móveis e quando regressou encontrou o Bode instalado. Verificando que o trabalho tinha sido de ambos, decidiram morar juntos. Viviam desconfiados, um do outro. Cada um teria sua semana para caçar. Foi a Onça e trouxe um cabrito, enchendo o Bode de pavor. Quando chegou a vez deste, viu uma onça abatida por uns caçadores e a carregou até a casa, deixando-a no terreiro. A Onça vendo a companheira morta, ficou espantada: — Amigo Bode, como foi que você matou essa onça? — Ora, ora… Matando!… Respondeu o Bode cheio de empáfia. Porém, insistindo sempre a Onça em perguntar-lhe como havia matado a companheira, disse o Bode: — Eu enfiei este anel de contas no dedo, apontei-lhe o dedo e ela caiu morta. A Onça ficou toda arrepiada, olhando o Bode pelo canto do olho. Depois de algum tempo, disse o Bode: — Amiga Onça, eu lhe aponto o dedo… A Onça pulou para o meio da sala gritando: — Amigo Bode, deixe de brinquedo… Tornou o Bode a dizer que lhe apontava o dedo, pulando a Onça para o meio do terreiro. Repetiu o Bode a ameaça e a onça desembandeirou pelo mato a dentro, numa carreira danada, enquanto ouviu a voz do Bode: — Amiga Onça, eu lhe aponto o dedo… Nunca mais a Onça voltou. O Bode ficou, então, sozinho na sua casa, vivendo de papo para o ar, bem descansado. – Em: Contos tradicionais do Brasil (folclore), Luís da Câmara Cascudo, Rio de Janeiro, Edições de Ouro: 1967 ATIVIDADES DE INTENSIFICAÇÃO DE LEITURA E ESCRITA PROF: LUZIA JOELMA TAREFA: 01 DIA DA SEMANA: __________ NOME: • Ler um texto por dia e recontar com suas palavras. UTILIZAR o código Q.T, Q.G,Q.F e T.O TEXTO 1- SOPA DE PEDRAS Pedro Malasarte era um cara danado de esperto. Um dia ele estava ouvindo a conversa do pessoal na porta da venda. Os matutos falavam de uma velha avarenta que morava num sítio pros lados do rio. Cada um contava um caso pior que o outro: ― A velha é unha-de-fome. Não dá comida nem pros cachorros que guardam a casa dela ― dizia um. ― Quando chega alguém pro almoço, ela conta os grãos de feijão pra pôr no prato. Verdade! Quem me contou foi o Chico Charreteiro, que não mente ― afirmava outro. ― Eta velha pão-dura! ― comentava um terceiro. ― Dali não sai nada. Ela não dá nem bom-dia. O Pedro Malasarte ouvindo. Ouvindo e matutando. Daí a pouco entrou na conversa: ― Querem apostar que pra mim ela vai dar uma porção de coisas, e de boa vontade? ― Tu tá é doido! ― disseram todos. ― Aquela velha avarenta não dá nem risada! ― Pois aposto que pra mim ela vai dar ― insistiu o Pedro. ― Quanto vocês apostam? A turma apostou alto, na certeza de ganhar. Mas o Pedro Malasarte, muito matreiro, já tinha um plano na cabeça. Juntou umas roupas, umas panelas, um fogãozinho, amarrou a trouxa e se mandou pra casa da velha. Era meio longe, mas pra ganhar aposta o Malasarte não tinha preguiça. O Pedro foi chegando, foi arranchando, ali bem perto da porteira do sítio da velha. Esperou um tempo pra ser notado. Quando viu que a velha já tinha reparado nele, armou o fogãozinho, botou a panela em cima, cheia de água, e acendeu o fogo. E ficou o dia inteiro cozinhando água. A velha, lá da casa, só espiando. E a panela fumegando. E o Pedro atiçando o fogo. Não demorou muito a velha não aguentou a curiosidade e veio dar uma espiada. Passou perto, olhou, assuntou, e foi embora. O Pedro firme, atiçando o fogo. No dia seguinte, panela no fogo, fervendo água, soltando fumaça. Pedro atiçando o fogo. A velha olhando de longe, lá de dentro da casa. Até que ela não conseguiu mais se segurar de curiosidade. Saiu e veio negaceando, olhar de perto. O Pedro pensou: “É hoje!”. Catou umas pedras no chão, lavou bem e jogou dentro da panela. E ficou atiçando o fogo pra ferver mais depressa. A velha não se conteve: ― Oi, moço, tá cozinhando pedra? ― Ora, pois sim senhora, dona ― respondeu o Pedro. ― Vou fazer uma sopa. ― Sopa de pedra? ― perguntou a velha com uma careta. ― Essa não, seu moço! Onde já se viu isso? ― Pois garanto que dá uma sopa pra lá de boa. ― Demora muito para cozinhar? ― perguntou a velha ainda duvidando. ― Demora um bocado. ― E dá para comer? ― Claro, dona! Então eu ia perder tempo à toa? A velha olhava as pedras, olhava pro Pedro. E ele atiçando o fogo, e a panela fervendo. A velha meio incrédula, meio acreditando. ― É gostosa, essa sopa? ― perguntou ela depois de um tempo. ― É ― respondeu o Malasarte. ― Mas fica mais gostosa se a gente puser um temperinho. ― Por isso não ― disse a velha. ― Eu vou buscar. Foi e trouxe cebola, cheiro-verde, sal com alho. ― Tomate a senhora não tem? ― perguntou o Pedro. A velha foi buscar e voltou com três, bem maduros. Pedro botou tudo dentro da panela, junto com as pedras. E atiçou o fogo. ― Vai ficar bem gostosa ― disse ele. ― Mas se a gente tivesse um courinho de porco... ― Pois eu tenho lá em casa ― disse a velha. E foi buscar. Couro na panela, lenha no fogo, a velha sentada espiando. Daí a pouco ela perguntou: ― Não precisa pôr mais nada? ― Até que ficava mais suculenta se a gente pusesse umas batatas, um pouco de macarrão... A velha já estava com vontade de tomar a sopa, e perguntou: ― Quando ficar pronta, posso provar um pouco? ―Claro, dona! Aí ela foi e trouxe o macarrão e as batatas. O Malasarte atiçou o fogo, pro macarrão cozinhar depressa. Daí a pouco a velha já estava com água na boca! ― Hum, a sopa tá cheirando gostosa! Será que as pedras já amoleceram? Em vez de responder, o Pedro perguntou: ― A senhora não tem uma linguicinha no fumeiro? Ia ficar tão bom... Lá foi a velha de novo buscar a linguiça. Cozinha que cozinha a sopa ficou pronta. Malasarte então pediu dois pratos e talheres, a velha trouxe. O Pedro encheu os pratos, deu um pra ela. Separou as pedras e jogou no mato. ― Ué, moço, na vai comer as pedras? ― Tá doido! ― respondeu o Malasarte. ― Eu lá tenho dente de ferro pra comer pedra? E tratou de se mandar o mais depressa que pôde. Foi correndo pra venda, cobrar o dinheiro da aposta. Contos populares para crianças da América Latina. 1- Leia o texto acima e reconte com suas palavras no seu caderno. USE O DICIONÁRIO 2- De o significado das palavras abaixo. trouxa: arranchar: fumegar: atiçar: negacear: incrédulo: 3-Reescreva as frases a seguir substituindo as palavras em destaque por outras com significados adequados ao contexto. Não se esqueça de fazer as adaptações necessárias. a) Os matutos falavam de uma velha avarenta que morava num sítio pros lados do rio. b) Mas o Pedro Malasarte, muito matreiro, já tinha um plano na cabeça. c) ― A senhora não tem uma linguicinha no fumeiro? 4) Releia o trecho abaixo: Pedro Malasarte era um cara danado de esperto. Um dia ele estava ouvindo a conversa do pessoal na porta da venda. Os matutos falavam de uma velha avarenta que morava num sítio pros lados do rio. Cada um contava um caso pior que o outro: ― A velha é unha-de-fome. Não dá comida nem pros cachorros que guardam a casa dela ― dizia um. a) No texto está escrito que a velha é avarenta. Copie o trecho do quadro que poderia explicar o significado dessa palavra. b) A palavra matutos também está destacada. No trecho há outras palavras que se referem a matutos. Assinale a alternativa correta. ( ) cara danado de esperto ( ) pessoal na porta da venda ( ) velha avarenta ( ) cachorros que guardam a casa dela 5- Qual foi a aposta que Pedro fez com os matutos? 6- Pedro conseguiu que a velha desse vários ingredientes para a sua sopa. a) Copie do texto todos os ingredientes que a velha deu para colocar na sopa. b) Como Pedro conseguiu que a velha, mesmo sendo avarenta, desse todos esses ingrediente 7- Releia o trecho em destaque “Mas o Pedro Malasarte, muito matreiro, já tinha um plano na cabeça.”Qual era o plano de Pedro Malasarte? 8- Numere as frases, do 1 a 6, de acordo com a ordem dos acontecimentos: ( ) Malasarte foi cobrar o dinheiro da aposta. ( ) A velha buscou alguns temperos para a sopa. ( ) Os matutos falavam sobre uma velha avarenta. ( ) Pedro ouviu a conversa na venda. ( ) Pedro abrigou-se próximo à porteira do sítio da velha. ( ) Pedro fez uma aposta com os matutos. 9-Leia as frases e observe os verbos destacados: a) “Aí ela foi e trouxe o macarrão e as batatas.” b) ― Ficará bem gostosa! c) “― Pois garanto que dá uma sopa pra lá de boa.” 10- Reescreva a frase passando-a para o futuro. O PEDRO ENCHEU OS PRATOS, DEU UM PRA ELA. SEPAROU AS PEDRAS E JOGOU NO MATO. 11-Observe as palavras retiradas do texto: Explique por que todas terminam com a letra “U”: Texto 2 "UM PROBLEMA DIFÍCIL"- Conto de Pedro Bandeira* Era um problema dos grandes. A turminha reuniu-se para discuti-lo e Xexéu voltou para casa preocupado. Por mais que pensas se, não atinava com uma solução. Afinal, o que poderia ele fazer para resolver aquilo? Era apenas um menino! Xexéu decidiu falar com o pai e explicar direitinho o que estava acontecendo. O pai ouviu calado, muito sério, compreendendo a gravidade da questão. Depois que o garoto saiu da sala, o pai pensou um longo tempo. Era mesmo preciso enfrentar o problema. Não estava em suas mãos, porém, resolver um caso tão difícil. Procurou o guarda do quarteirão, um sujeito muito amigo que já era conhecido de todos e costumava sempre dar uma paradinha para aceitar um cafezinho oferecido por algum dos moradores. O guarda ouviu com a maior das atenções. Correu depois para a delegacia e expôs ao delegado tudo o que estava acontecendo. O delegado balançou a cabeça, concordando. Sim, alguma coisa precisava ser feita, e logo! Na mesma hora, o delegado passou a mão no telefone e ligou para um vereador, que costumava sensibilizar-se com os problemas da comunidade. Do outro lado da linha, o vereador ouviu sem interromper um só instante. Foi para a prefeitura e pediu uma audiência ao prefeito. Contou tudo, tintim por tintim. O prefeito ouviu todos os tintins e foi procurar um deputado estadual do mesmo partido para contar o que havia. O deputado estadual não era desses políticos que só se lembram dos problemas da comunidade na hora de pedir votos. Ligou para um deputado federal, pedindo uma providência urgente. O deputado federal ligou para o governador do estado, que interrompeu uma conferência para ouvi-lo. O problema era mesmo grave, e o governador voou até Brasília para pedir uma audiência ao ministro. O ministro ouviu tudinho e, como já tinha reunião marcada com o presidente, aproveitou e relatou-lhe o problema. O presidente compreendeu a gravidade da situação e convocou uma reunião ministerial. O assunto foi debatido e, depois de ouvir todos os argumentos, o presidente baixou um decreto para resolver a questão de uma vez por todas. Aliviado, o ministro procurou o governador e contou-lhe a solução. O governador então ligou para o deputado federal, que ficou muito satisfeito. Falou com o deputado estadual, que, na mesma hora, contou tudo para o prefeito. O prefeito mandou chamar o vereador e mostrou-lhe que a solução já tinha sido encontrada. O vereador foi até a delegacia e disse a providência ao delegado. O delegado, contente com aquilo, chamou o guarda e expôs a solução do problema. O guarda, na mesma hora, voltou para a casa do pai do Xexéu e, depois de aceitar um café, relatou-lhe satisfeito que o problema estava resolvido. O pai do Xexéu ficou alegríssimo e chamou o filho. Depois de ouvir tudo, o menino arregalou os olhos: - Aquele problema? Ora, papai, a gente já resolveu há muito tempo! *Pedro Bandeira, autor deste conto, é escritor. Ganhou o Prêmio Jabuti na categoria Melhor Livro Infantil em 1986 com O Fantástico Mistério de Feiurinha (Ed. FTD). TEXTO 03 A onça e o bode O Bode foi ao mato procurar lugar para fazer uma casa. Achou um sítio bom. Roçou-o e foi-se embora. A Onça que tivera a mesma ideia, chegando ao mato e encontrando o lugar já limpo, ficou radiante. Cortou as madeiras e deixou-as no ponto. O Bode, deparando a madeira já pronta, aproveitou-se, erguendo a casinha. A Onça voltou e tapou-a de taipa. Foi buscar seus móveis e quando regressou encontrou o Bode instalado. Verificando que o trabalho tinha sido de ambos, decidiram morar juntos. Viviam desconfiados, um do outro. Cada um teria sua semana para caçar. Foi a Onça e trouxe um cabrito, enchendo o Bode de pavor. Quando chegou a vez deste, viu uma onça abatida por uns caçadores e a carregou até a casa, deixando-a no terreiro. A Onça vendo a companheira morta, ficou espantada: — Amigo Bode, como foi que você matou essa onça? — Ora, ora… Matando!… Respondeu o Bode cheio de empáfia. Porém, insistindo sempre a Onça em perguntar-lhe como havia matado a companheira, disse o Bode: — Eu enfiei este anel de contas no dedo, apontei-lhe o dedo e ela caiu morta. A Onça ficou toda arrepiada, olhando o Bode pelo canto do olho. Depois de algum tempo, disse o Bode: — Amiga Onça, eu lhe aponto o dedo… A Onça pulou para o meio da sala gritando: — Amigo Bode, deixe de brinquedo… Tornou o Bode a dizer que lhe apontava o dedo, pulando a Onça para o meio do terreiro. Repetiu o Bode a ameaça e a onça desembandeirou pelo mato a dentro, numa carreira danada, enquanto ouviu a voz do Bode: — Amiga Onça, eu lhe aponto o dedo… Nunca mais a Onça voltou. O Bode ficou, então, sozinho na sua casa, vivendo de papo para o ar, bem descansado. Em: Contos tradicionais do Brasil (folclore), Luís da Câmara Cascudo, Rio de Janeiro, Edições de Ouro: 1967 TEXTO 04 O TOURO E O HOMEM Um touro, que vivia nas montanhas, nunca tinha visto o homem. Mas sempre ouvia dizer por todos os animais que ele era o animal mais valente do mundo. Tanto ouviu dizer isto que, um dia, se resolveu a ir procurar o homem para saber se tal dito era verdadeiro. Saiu das brenhas e, ganhando uma estrada, seguiu por ela. Adiante encontrou um velho que caminhava apoiado a um bastão. Dirigindo-se a ele perguntou: - Você é o bicho homem? - Não - repondeu o velho. - Já fui, mas não sou mais! O touro seguiu adiante encontrou uma velha: - Você é o bicho homem? - Não sou a mãe do bicho homem! Adiante encontrou um menino: - Você é o bicho homem? - Não! Ainda hei de ser, sou o filho do bicho homem. Adiante encontrou o bicho homem que vinha com um bacamarte no ombro. - Você é o bicho homem? - Está falando com ele! - Estou cansado de ouvir dizer que o bicho homem é o mais valente do mundo, e vim procurá-lo para saber se é mais valente do que eu! -Então, vá lá! - disse o homem, armando o bacamarte, e disparando-lhe um tiro nas ventas. O touro, desesperado de dor, meteu-se no mato e correu até sua casa, onde passou muito tempo se tratando do ferimento. Depois, estando ele numa reunião de animais, um lhe perguntou: - Então, camarada touro, encontrou o bicho homem? - Ah! Meu amigo, só com um espirro que ele me deu na cara, olhe em que estado fiquei. CASCUDO, Luís da Câmara. Contos Tradicionais do Brasil. São Paulo: Global Editora, 2003. p. 8 - 10 TEXTO 05 O Bicho Folharal Cansada de ser enganada pela raposa e de não poder segurá-la, a onça resolveu atraí-la à sua furna. Fez para esse efeito correr a notícia de que tinha morrido e deitou-se no meio da sua caverna, fingindo-se de morta. Todos os bichos, contentes, vieram olhar o seu corpo. A raposa também veio, mas meio desconfiada ficou olhando de longe. E por trás dos outros animais gritou: "Minha avó, quando morreu, espirrou três vezes. Espirrar é o sinal verdadeiro de morte..." A Onça, para mostrar que estava morta de verdade, espirrou três vezes. A raposa fugiu, às gargalhadas. Furiosa, a onça resolveu apanhá-la ao beber água. Havia seca no sertão e somente uma cacimba ao pé de uma serra tinha ainda um pouco de água. Todos os animais selvagens eram obrigados a beber ali. A onça ficou à espera da adversária, junto da cacimba, dia e noite. Nunca a raposa sentira tanta sede. Ao fim de três dias já não aguentava mais. Resolveu ir beber, usando duma astúcia qualquer. Achou um cortiço de abelhas, furou-o e com o mel que dele escorreu untou todo o seu corpo. Depois, espojou-se num monte de folhas secas, que se pregaram aos seus pêlos e cobriram-na toda. Imediatamente, foi à cacimba. A onça olhou-a bem e perguntou: "Que bicho és tu que eu não conheço, que eu nunca vi?" "Sou o bicho Folharal...", respondeu a raposa "Podes beber...." Desceu a rampa do bebedouro, meteu-se na água, sorvendo-a com delícia, e a onça, lá em cima, desconfiada, vendo-a beber demais, como quem trazia uma sede de vários dias, dizia: "Quanto bebes, Folharal!" Mas a água amoleceu o mel e as folhas foram caindo às porções. Quando já havia bebido o suficiente, e a última folha caíra, a onça reconhecera a inimiga esperta e pulara ferozmente sobre ela, mas a raposa conseguira fugir. Conto do folclore africano, Compilado por Couto Magalhães em 1876.

PAUSA PROTOCOLADA

GÊNERO: TERROR CICLO DE LEITURA: PAUSA PROTOCOLADA GÊNERO: CONTO DE TERROR PROF: JOELMA LIMA Andréia entrou em casa às três da manhã e encontrou sua mãe em pânico. _ Minha filha, o que aconteceu? _ Não sei. Não era mentira. E estava perturbada demais para inventar uma desculpa qualquer. _ Como não sabe? Você sai de casa dizendo que vai a uma festa na casa da Mariana, desaparece sem dar notícias, deixa todo mundo preocupado e ainda diz que não sabe? A mãe estava realmente furiosa. _ Eu fui à festa na casa da Mariana _ defendeu-se Andréia. _ Como foi se ninguém viu você lá? _ Eu estava lá _ insistiu a menina. _ Até agora? _ berrou a mãe, que, evidentemente, não acreditava na versão da filha. _ Até agora. _ E pode explicar como nem a Mariana, nem as suas amigas, nem ninguém viu você na festa? A mãe era um puro desatino. Andréia nunca tinha feito uma coisa dessa antes. Mas parecia que o bom comportamento pregresso não lhe trazia nenhuma vantagem. O fato é que Andréia não sabia dizer o que tinha acontecido. Não que lhe falhasse a memória. Lembrava bem cada detalhe da noite. O problema era encontrar as palavras. Sentia-se esquisita, flutuante, como se tivesse sido jogada num mundo totalmente desconhecido. Estava com medo. Muito medo. Mas não saberia explicar exatamente do quê. Apenas sabia que uma coisa terrível tinha acontecido. Alguma coisa cujos desdobramentos ainda não conseguia prever. Tentou reordenar os fatos da noite em sua mente. Talvez assim conseguisse uma explicação para tudo aquilo. Tinha chegado cedo à casa de Mariana. A festa ainda não tinha começado, e a amiga estava no quarto se arrumando. Dirigiu-se ao jardim, que estava especialmente bonito para a ocasião. Não que fosse uma festa especial, não era. Mas Mariana transformava qualquer reunião de amigos num grande baile. Não lhe faltava dinheiro para isso. Nem bom gosto. Nem criatividade. A festa do dia era à fantasia e tinha como tema a Morte. Cada qual deveria imaginar uma maneira interessante de passar dessa para melhor e inventar uma fantasia que combinasse com sua ideia. Marcelo já tinha avisado que iria de pijama: queria morrer dormindo. Mirela providenciaria trajes de aviadora: achava lindos os acidentes trágicos. Beatriz aplicara dúzias de camélias em seu vestido, em homenagem à Dama das Camélias, a pianista que tinha sido levada embora pela tuberculose. Andréia pensara em alguma coisa bem romântica. Queria morrer de amor. Dissolver-se em paixão. Por isso, decidiu alugar um traje de época, um luxuoso vestido que imitava os usados no século XVI, decotadíssimo, armadíssimo, muito sensual. Prendeu os cabelos cacheados num coque no alto da cabeça, deixando à vista a nuca. Pegou o pó-de-arroz da mãe e passou uma generosa camada no rosto, no colo e no pescoço. Ficou branquíssima. E linda. Agora sim, parecia uma musa de poeta romântico, dessas que morrem virgens, jovens e belas, e carregam para o túmulo o coração do amado. Pelo menos, era assim que se sentia quando chegou à casa de Mariana. Como a amiga ainda não tinha descido, decidiu circular pelos jardins, ainda desertos àquela hora. Havia apenas alguns músicos que terminavam de montar seus instrumentos no palco armado em meio ao gramado. Assim que se aproximou, teve sua atenção voltada para um deles, um jovem de beleza incomum que ensaiava algumas notas ao violino enquanto o resto do grupo ligava fios às caixas de som. Alto, magro, com cabelos ruivos que lhe caíam até a cintura e vestido com um smoking, o rapaz parecia indiferente ao atarefamento dos colegas. Tocava, de olhos fechados, uma melodia capaz de emocionar qualquer pessoa, até mesmo Andréia, mais chegada a um rock, um metal pesado ou qualquer coisa que tivesse mais ritmo do que som. A música do rapaz não tinha batida, mas fazia bater mais forte seu coração. Não como imagem poética, mas como fato incontestável. Surpreendida pela suave taquicardia provocada pela música, a menina aproximou-se do grupo e ficou escutando. Subitamente, como se percebesse a presença dela, o rapaz interrompeu seu ensaio e abriu os olhos. _ Ah, por favor, não pare _ pediu a menina. _ Eu estava gostando. O violinista limitou-se a sorrir. Nossa! Como era bonito. De tudo, o que mais chamava atenção era sua pele, tão branca e luminosa que parecia a cúpula de um abajur. Andréia perguntou-se que marca de pó-de-arroz ele teria passado para obter um efeito tão impressionante. Embora o palco estivesse a alguns metros de Andréia, com apenas um salto, ele colocou-se ao lado dela. Foi um movimento estranho. Ele não tinha a elasticidade de um gato. Pelo contrário, parecia meio duro ao mover-se. Lembrava mais um voo sem suavidade. Ou uma aparição fantasmagórica. Mas não era um fantasma quem lhe sorria tão encantadoramente. _ Você gosta do som do violino? _ perguntou o rapaz. E Andréia percebeu um par de olhos cor de violeta cintilando na escuridão. _ Não exatamente. _ Andréia não conseguia mentir. _ Mas fiquei fascinada com a melodia que você estava tocando. Que música é essa? O rapaz deu um suspiro profundo. _ É uma composição minha. _ Jura? Ele sorriu, melancólico. A luz violeta tinha desaparecido de seus olhos. _ Fiz para a mulher que eu amava. Agora, seus olhos estavam negros como a mais profunda noite. E Andréia, totalmente encantada, não resistiu à indiscrição. _ O que aconteceu com ela? Subitamente, o sorriso apagou-se do rosto do rapaz. _ Ela morreu. Andréia estava desconcertada. _ Lamento... _ gaguejou. Mas a curiosidade foi mais forte, e ela perguntou: _ Morreu de quê? _ De amor. O tom de voz do rapaz a surpreendeu. Não estava mais triste. Era sonhador, etéreo, apaixonado. Como sua fantasia. Tinha vindo vestida para morrer de amor. Pareceu que o rapaz compreendeu tudo, sem que ela dissesse nada. _ Você vai ficar comigo esta noite _ disse ele. Não perguntou. Não era um pedido. Ele não quis saber se ela já tinha ficado com alguém antes (não tinha). Simplesmente constatou o que já estava escrito nos olhos de Andréia. Sem saber bem o que dizer, a menina perguntou seu nome. Ele voltou a sorrir, novamente luminoso. _ Eu me chamo "Seu Amor". E você? Que dizer numa hora dessas? _ Puxa, que coincidência, eu também. Ainda ia dizer alguma coisa, mas "Seu Amor" a interrompeu: _ Nada disso. Você se chama "Meu Amor". E cravando os olhos nos dela, completou: _ Você é minha, "Meu Amor". Andréia podia ter dito que não. Podia ter percebido que tudo aquilo era esquisito demais e pulado fora. Mas o amor é sempre meio estranho e ela estava apaixonada. Quando "Seu Amor" disse "você é minha", sentiu-se totalmente inundada de felicidade. E quando isso acontece, a única coisa que a gente consegue dizer é "Sim". A paixão nos transforma em criaturas meio sem vocabulário. "Não", "mais ou menos", "talvez", tudo isso desaparece da nossa boca. E ela passa a ser ocupada por um SIM imenso, completamente refratário à razão. Por isso, ela olhou no fundo dos olhos dele e respondeu: _ Sou. Sou sua. Num impulso amoroso, estendeu a mão para tocar no rosto dele. Mas "Seu Amor" recuou. _ Tenho que voltar para o ensaio. Em seguida, ficou novamente muito sério e disse: _ Vá para trás daquela árvore e não deixe ninguém vê-la. À meia-noite, quando terminar o show, irei buscá-la. Andréia não entendeu direito o motivo do pedido, mas "Seu Amor" foi bem claro. _ Se alguém vir você aqui vou fazer de conta que não a conheço. Não saia de lá até que eu vá buscá-la, compreendeu? Totalmente tomada pela vontade de dizer SIM, a menina concordou. Viu a festa de longe, como se fosse um sonho. Deixou-se hipnotizar pelo som mágico do violino de tal maneira que não sentiu o tempo passar. Quando deu por si,o jardim estava deserto, os músicos desarmavam a aparelhagem e "Seu Amor" caminhava em sua direção. Antes mesmo que pudesse pensar em alguma coisa para dizer, foi enlaçada pela cintura e percebeu que o braço dele era tão rígido quanto seu corpo. Parecia mais um gesto de imobilização do que um abraço. Assustada, tentou recuar, mas "Seu Amor" acendeu a chama violeta de suas pupilas e disse: — Não tenha medo. Sem afrouxar o braço que segurava firmemente a cintura da menina, aproximou sua boca para um beijo. Mas a menina estava realmente assustada e virou o rosto. Neste momento, ele riu. Não foi como antes. Antes, só tinha sorrido, o que dava a seu rosto, já belo, uma luz ainda mais especial. Agora, ele riu mesmo, abrindo os lábios e deixando à vista uma boca totalmente desdentada. Tomada por forte sentimento de repulsa, Andréia tentou gritar. Mas, como nos pesadelos, sentiu que a voz estava presa em sua garganta. — Não grite, "Meu Amor". Eu só quero um beijo seu. Agora, o rapaz segurava firmemente seu rosto, de modo que a menina não conseguia olhar para outro lado ou desviar-se. "Seu Amor" voltou a rir com vontade, exibindo as gengivas vermelhas. — Você estava apaixonada por mim ou pelos meus dentes? Apesar da risada, a expressão do rosto dele era de pura raiva. Apertou o rosto de Andréia com mais força e inquiriu: — Vamos, responda! Sem dentes eu não sirvo? Que porcaria de amor é esse que não resiste a uma pequena falha? Sem fôlego, a menina não conseguia responder. Queria apenas sumir dali. Rezava para que alguém aparecesse, mas os últimos músicos já tinham partido. Estava absolutamente só com "Seu Amor" no jardim agora às escuras. Cada vez mais raivoso, ele prosseguiu: — Pois eu quero um beijo seu. E quero também seus dentes, todos eles. Quero esses dentes da cor da lua cheia. Diante do terror da menina, cujo rosto permanecia preso entre os dedos do rapaz, "Seu Amor" sibilou: — Está com medo? Não se queixe, minha querida, você é uma garota de sorte. Destino pior teve a que me cedeu a pele, a que me deu os ossos, a linda menina que me doou esses belos olhos cor de violeta, ou sua amiga Karina, de quem herdei essa bela cabeleira. Andréia sufocou um grito de pavor. Lembrou-se de Karina e do indescritível sofrimento da amiga, submetida a uma quimioterapia que lhe podara os longos cabelos ruivos. Começou a chorar. "Seu Amor" ficou calado por alguns minutos, como se fosse muito divertido observar sua presa. Finalmente, suspirou: — De você, "Meu Amor", só quero os dentes. Antes que Andréia pudesse esboçar qualquer reação, ele a beijou. Os lábios do rapaz eram gelados. No entanto, no momento em que suas bocas se uniram, todo o medo desapareceu. Andréia foi tomada por uma suave tontura e percebeu que seu corpo relaxava. Era uma fraqueza que fazia seus joelhos dobrarem e toda a sua vontade desaparecer. Só percebia o som de seu coração, como um tambor selvagem repercutindo pelo corpo todo, cada vez mais forte, até que sua vista escureceu. Quando deu por si, estava caída no chão. Não havia ninguém por perto. Levantou-se e foi andando para casa a pé, ainda tonta. No dia seguinte, acordou melhor. Parecia, de fato, que tudo não passara de um pesadelo. Animada, levantou-se e vestiu-se para ir à escola. O cheiro de café fresco feito pela mãe e do pão quentinho chegava até o quarto onde a menina se arrumava. Penteou os cabelos, prendeu um coque no alto da cabeça e sorriu para o espelho. Foi então que percebeu a falta de um dente, o incisivo superior do lado esquerdo. Deu um grito apavorado e levou a mão à boca. O canino superior do lado direito saiu na sua mão. Tateou a arcada. Estavam todos moles, pendurados na gengiva como roupas no varal em dia de ventania. Antes que pudesse gritar, ouviu a voz da mãe que anunciava: — Andréia, chegaram flores para você! A senhora entrou no banheiro carregando uma braçada de rosas cor de violeta, salpicadas por vinte e oito rosas brancas. Havia um cartão. E dizia: "Jamais esquecerei seu sorriso. Vinte e oito dentes perfeitos, faltando apenas os de siso — que nascerão mais tarde. Mas quem precisa de siso quando chega à idade em que sonha em morrer de amor? Vinte e oito também são os dias que formam o ciclo da lua. Assim que ela voltar a brilhar em toda a sua plenitude, retornarei para dar em você um beijo perfeito. Com todos os dentes. "Seu Amor." Rosa Amanda Strausz Plano do Ciclo de Leitura Narrativa de Terror Estratégia Metacognitiva: Pausa Protocolada Professora: Joelma Lima Objetivos: • Fazer inferências a partir dos trechos ouvidos; • Desenvolver o gosto pelas narrativas de terror; • Realizar uma (re) leitura integral pela topicalização do texto; • Reconhecer as características formais e conceituais do gênero conto; • Estabelecer relações entre as partes do texto, identificando a progressão temática; • Desenvolver as habilidades de reflexão, interpretação, análise e síntese; • Apreender sentidos explícitos, implícitos e pressupostos; • Articular conhecimentos prévios com informações do universo textual. Desenvolvimento: Indagar aos alunos que sabem sobre conto. Depois explicar ou revisar o gênero conto e sua finalidade • Sobre o gênero: O conto é a forma narrativa, em prosa, de menor extensão (no sentido estrito de tamanho). Entre suas principais características, estão a concisão, a precisão, a densidade, a unidade de efeito ou impressão total. O conto precisa causar um efeito singular no leitor; muita excitação e emotividade. Ao escritor de contos dá-se o nome de contista. Após a conversa sobre o gênero. Vamos conhecer um pouco sobre a autora. • Sobre a autora: A jornalista Rosa Amanda Strausz nasceu no Rio de Janeiro, em 1959. Estreou na literatura com o premiado livro de contos Mínimo Múltiplo Comum, em 1991. Descobriu um novo talento – escrever para jovens e crianças. Desde então, lançou mais de uma dezena de títulos infanto-juvenis, entre eles Mamãe trouxe um lobo para casa, Deus me livre!, Alecrim, Uólace e João Vitor e Sete ossos e uma maldição. Colocar o título no quadro ou em slides para fazer a predição. DENTES TÃO BRANCOS 1-( Tocar a trilha de terror)  Predição do título: O que esse título sugere?  O que chama atenção nesse título?  Quem serão os personagens? Ler trecho introdutório e fazer as perguntas de confirmação de hipóteses e levantá-las novas. 1º PARTE ANDRÉIA ENTROU EM CASA ÀS TRÊS DA MANHÃ E ENCONTROU SUA MÃE EM PÂNICO. _ MINHA FILHA, O QUE ACONTECEU? _ NÃO SEI.  O que a leitura desse trecho nos apresenta ?  Podemos estabelecer alguma relação entre ele e o título do texto?  As previsões e hipóteses levantadas inicialmente podem ser confirmadas?  O que Andreia poderia ter aprontado?  Será que foi algo perigoso?  Que hipóteses podem ser levantadas para a continuidade do texto? Ler um trecho para prepará-los para o tempo psicológico. 2º Parte NÃO ERA MENTIRA. E ESTAVA PERTURBADA DEMAIS PARA INVENTAR UMA DESCULPA QUALQUER. _ COMO NÃO SABE? VOCÊ SAI DE CASA DIZENDO QUE VAI A UMA FESTA NA CASA DA MARIANA, DESAPARECE SEM DAR NOTÍCIAS, DEIXA TODO MUNDO PREOCUPADO E AINDA DIZ QUE NÃO SABE? A MÃE ESTAVA REALMENTE FURIOSA. _ EU FUI À FESTA NA CASA DA MARIANA _ DEFENDEU-SE ANDRÉIA. _ COMO FOI SE NINGUÉM VIU VOCÊ LÁ? _ EU ESTAVA LÁ _ INSISTIU A MENINA. _ ATÉ AGORA? _ BERROU A MÃE, QUE, EVIDENTEMENTE, NÃO ACREDITAVA NA VERSÃO DA FILHA. _ ATÉ AGORA. _ E PODE EXPLICAR COMO NEM A MARIANA, NEM AS SUAS AMIGAS, NEM NINGUÉM VIU VOCÊ NA FESTA? A MÃE ERA UM PURO DESATINO. ANDRÉIA NUNCA TINHA FEITO UMA COISA DESSA ANTES. MAS PARECIA QUE O BOM COMPORTAMENTO PREGRESSO NÃO LHE TRAZIA NENHUMA VANTAGEM.  No trecho em destaque, o que chama a nossa atenção? Que hipóteses levantadas para a continuidade do texto se confirmaram?  Para onde Andreia tinha ido?  Como explica ela está em um lugar cheio de gente e ela não ser vista por ninguém?  Então, o que acontecerá desse trecho para frente?  Que hipóteses podem ser levantadas para o sequência do texto? 3ª PARTE O FATO É QUE ANDRÉIA NÃO SABIA DIZER O QUE TINHA ACONTECIDO. NÃO QUE LHE FALHASSE A MEMÓRIA. LEMBRAVA BEM CADA DETALHE DA NOITE. O PROBLEMA ERA ENCONTRAR AS PALAVRAS. SENTIA-SE ESQUISITA, FLUTUANTE, COMO SE TIVESSE SIDO JOGADA NUM MUNDO TOTALMENTE DESCONHECIDO. ESTAVA COM MEDO. MUITO MEDO. MAS NÃO SABERIA EXPLICAR EXATAMENTE DO QUÊ. APENAS SABIA QUE UMA COISA TERRÍVEL TINHA ACONTECIDO. ALGUMA COISA CUJOS DESDOBRAMENTOS AINDA NÃO CONSEGUIA PREVER. TENTOU REORDENAR OS FATOS DA NOITE EM SUA MENTE. TALVEZ ASSIM CONSEGUISSE UMA EXPLICAÇÃO PARA TUDO AQUILO.  O que a leitura do trecho acrescenta?  Alguma hipótese se confirmou? Qual?  Como podemos compreender “ ESTAVA COM MEDO. MUITO MEDO. MAS NÃO SABERIA EXPLICAR EXATAMENTE DO QUÊ. APENAS SABIA QUE UMA COISA TERRÍVEL TINHA ACONTECIDO.” 4ª PARTE TINHA CHEGADO CEDO À CASA DE MARIANA. A FESTA AINDA NÃO TINHA COMEÇADO, E A AMIGA ESTAVA NO QUARTO SE ARRUMANDO. DIRIGIU-SE AO JARDIM, QUE ESTAVA ESPECIALMENTE BONITO PARA A OCASIÃO. NÃO QUE FOSSE UMA FESTA ESPECIAL, NÃO ERA. MAS MARIANA TRANSFORMAVA QUALQUER REUNIÃO DE AMIGOS NUM GRANDE BAILE. NÃO LHE FALTAVA DINHEIRO PARA ISSO. NEM BOM GOSTO. NEM CRIATIVIDADE. A FESTA DO DIA ERA À FANTASIA E TINHA COMO TEMA A MORTE. CADA QUAL DEVERIA IMAGINAR UMA MANEIRA INTERESSANTE DE PASSAR DESSA PARA MELHOR E INVENTAR UMA FANTASIA QUE COMBINASSE COM SUA IDEIA. MARCELO JÁ TINHA AVISADO QUE IRIA DE PIJAMA: QUERIA MORRER DORMINDO. MIRELA PROVIDENCIARIA TRAJES DE AVIADORA: ACHAVA LINDOS OS ACIDENTES TRÁGICOS. BEATRIZ APLICARA DÚZIAS DE CAMÉLIAS EM SEU VESTIDO, EM HOMENAGEM À DAMA DAS CAMÉLIAS, A PIANISTA QUE TINHA SIDO LEVADA EMBORA PELA TUBERCULOSE.  E agora como será a fantasia de Andreia?  E por que ela escolheu esta fantasia? 5ª PARTE ANDRÉIA PENSARA EM ALGUMA COISA BEM ROMÂNTICA. QUERIA MORRER DE AMOR. DISSOLVER-SE EM PAIXÃO. POR ISSO, DECIDIU ALUGAR UM TRAJE DE ÉPOCA, UM LUXUOSO VESTIDO QUE IMITAVA OS USADOS NO SÉCULO XVI, DECOTADÍSSIMO, ARMADÍSSIMO, MUITO SENSUAL. PRENDEU OS CABELOS CACHEADOS NUM COQUE NO ALTO DA CABEÇA, DEIXANDO À VISTA A NUCA. PEGOU O PÓ-DE-ARROZ DA MÃE E PASSOU UMA GENEROSA CAMADA NO ROSTO, NO COLO E NO PESCOÇO. FICOU BRANQUÍSSIMA. E LINDA. AGORA SIM, PARECIA UMA MUSA DE POETA ROMÂNTICO, DESSAS QUE MORREM VIRGENS, JOVENS E BELAS, E CARREGAM PARA O TÚMULO O CORAÇÃO DO AMADO. PELO MENOS, ERA ASSIM QUE SE SENTIA QUANDO CHEGOU À CASA DE MARIANA. O que Andreia fará enquanto espera? 6ª PARTE Parar a contação e preparar os ouvintes para o aparecimento de um novo personagem. 2-( tocar o som de violino) COMO A AMIGA AINDA NÃO TINHA DESCIDO, DECIDIU CIRCULAR PELOS JARDINS, AINDA DESERTOS ÀQUELA HORA. HAVIA APENAS ALGUNS MÚSICOS QUE TERMINAVAM DE MONTAR SEUS INSTRUMENTOS NO PALCO ARMADO EM MEIO AO GRAMADO. ASSIM QUE SE APROXIMOU, TEVE SUA ATENÇÃO VOLTADA PARA UM DELES, UM JOVEM DE BELEZA INCOMUM QUE ENSAIAVA ALGUMAS NOTAS AO VIOLINO ENQUANTO O RESTO DO GRUPO LIGAVA FIOS ÀS CAIXAS DE SOM. ALTO, MAGRO, COM CABELOS RUIVOS QUE LHE CAÍAM ATÉ A CINTURA E VESTIDO COM UM SMOKING, O RAPAZ PARECIA INDIFERENTE AO ATAREFAMENTO DOS COLEGAS. TOCAVA, DE OLHOS FECHADOS, UMA MELODIA CAPAZ DE EMOCIONAR QUALQUER PESSOA, ATÉ MESMO ANDRÉIA, MAIS CHEGADA A UM ROCK, UM METAL PESADO OU QUALQUER COISA QUE TIVESSE MAIS RITMO DO QUE SOM.  Quem era esse rapaz?  Por que Andreia se encantou por ele? 7ª PARTE A música do rapaz não tinha batida, mas fazia bater mais forte seu coração. Não como imagem poética, mas como fato incontestável. Surpreendida pela suave taquicardia provocada pela música, a menina aproximou-se do grupo e ficou escutando. Subitamente, como se percebesse a presença dela, o rapaz interrompeu seu ensaio e abriu os olhos. _ Ah, por favor, não pare _ pediu a menina. _ Eu estava gostando. O violinista limitou-se a sorrir. Nossa! Como era bonito. De tudo, o que mais chamava atenção era sua pele, tão branca e luminosa que parecia a cúpula de um abajur. Andréia perguntou-se que marca de pó-de-arroz ele teria passado para obter um efeito tão impressionante. E agora qual será a atitude do rapaz? E qual será a reação de Andreia? 8ª PARTE Embora o palco estivesse a alguns metros de Andréia, com apenas um salto, ele colocou-se ao lado dela. Foi um movimento estranho. Ele não tinha a elasticidade de um gato. Pelo contrário, parecia meio duro ao mover-se. Lembrava mais um voo sem suavidade. Ou uma aparição fantasmagórica. Mas não era um fantasma quem lhe sorria tão encantadoramente. _ Você gosta do som do violino? _ perguntou o rapaz. E Andréia percebeu um par de olhos cor de violeta cintilando na escuridão. _ Não exatamente. _ Andréia não conseguia mentir. _ Mas fiquei fascinada com a melodia que você estava tocando. Que música é essa? O rapaz deu um suspiro profundo. _ É uma composição minha. _ Jura?  Andreia terá encontrado seu herói?  Será que seu encantamento a impedirá de perceber que tem algo estranho? 9ª PARTE Ele sorriu, melancólico. A luz violeta tinha desaparecido de seus olhos. _ Fiz para a mulher que eu amava. Agora, seus olhos estavam negros como a mais profunda noite. E Andréia, totalmente encantada, não resistiu à indiscrição. _ O que aconteceu com ela? Subitamente, o sorriso apagou-se do rosto do rapaz. _ Ela morreu. Andréia estava desconcertada. _ Lamento... _ gaguejou. Mas a curiosidade foi mais forte, e ela perguntou: _ Morreu de quê? _ De amor.  Como ele sabe do sonho de Andreia?  E Andreia acreditará ou fugirá? 10ª PARTE O tom de voz do rapaz a surpreendeu. Não estava mais triste. Era sonhador, etéreo, apaixonado. Como sua fantasia. Tinha vindo vestida para morrer de amor. Pareceu que o rapaz compreendeu tudo, sem que ela dissesse nada. _ Você vai ficar comigo esta noite _ disse ele. Não perguntou. Não era um pedido. Ele não quis saber se ela já tinha ficado com alguém antes (não tinha). Simplesmente constatou o que já estava escrito nos olhos de Andréia. Sem saber bem o que dizer, a menina perguntou seu nome. Ele voltou a sorrir, novamente luminoso. _ Eu me chamo "Seu Amor". E você? Que dizer numa hora dessas? _ Puxa, que coincidência, eu também. Ainda ia dizer alguma coisa, mas "Seu Amor" a interrompeu: _ Nada disso. Você se chama "Meu Amor". E cravando os olhos nos dela, completou: _ Você é minha, "Meu Amor O que Andreia vai dizer? Vai aceitar? E você aceitaria algo assim de um desconhecido? 11ª PARTE Andréia podia ter dito que não. Podia ter percebido que tudo aquilo era esquisito demais e pulado fora. Mas o amor é sempre meio estranho e ela estava apaixonada. Quando "Seu Amor" disse "você é minha", sentiu-se totalmente inundada de felicidade. E quando isso acontece, a única coisa que a gente consegue dizer é "Sim". A paixão nos transforma em criaturas meio sem vocabulário. "Não", "mais ou menos", "talvez", tudo isso desaparece da nossa boca. E ela passa a ser ocupada por um SIM imenso, completamente refratário à razão. Por isso, ela olhou no fundo dos olhos dele e respondeu: _ Sou. Sou sua. O que Andreia vai fazer? 12ª PARTE Num impulso amoroso, estendeu a mão para tocar no rosto dele. Mas "Seu Amor" recuou. _ Tenho que voltar para o ensaio. Em seguida, ficou novamente muito sério e disse: _ Vá para trás daquela árvore e não deixe ninguém vê-la. À meia-noite, quando terminar o show, irei buscá-la. Andréia não entendeu direito o motivo do pedido, mas "Seu Amor" foi bem claro. _ Se alguém vir você aqui vou fazer de conta que não a conheço. Não saia de lá até que eu vá buscá-la, compreendeu? Totalmente tomada pela vontade de dizer SIM, a menina concordou.  Por que ele não deixou ela tocá-lo?  E ela vai obedecê-lo?  E na vida real, será que garotas(os) correm esse risco? 13ª PARTE Viu a festa de longe, como se fosse um sonho. Deixou-se hipnotizar pelo som mágico do violino de tal maneira que não sentiu o tempo passar. Quando deu por si,o jardim estava deserto, os músicos desarmavam a aparelhagem e "Seu Amor" caminhava em sua direção. Antes mesmo que pudesse pensar em alguma coisa para dizer, foi enlaçada pela cintura e percebeu que o braço dele era tão rígido quanto seu corpo. Parecia mais um gesto de imobilização do que um abraço. Assustada, tentou recuar, mas "Seu Amor" acendeu a chama violeta de suas pupilas e disse: — Não tenha medo  Por que sentiu medo, se estava a esperá-lo?  E agora o que vai acontecer? 14ª PARTE 3-(TOCAR O SOM) Sem afrouxar o braço que segurava firmemente a cintura da menina, aproximou sua boca para um beijo. Mas a menina estava realmente assustada e virou o rosto. Neste momento, ele riu. Não foi como antes. Antes, só tinha sorrido, o que dava a seu rosto, já belo, uma luz ainda mais especial. Agora, ele riu mesmo, abrindo os lábios e deixando à vista uma boca totalmente desdentada. Tomada por forte sentimento de repulsa, Andréia tentou gritar. Mas, como nos pesadelos, sentiu que a voz estava presa em sua garganta. — Não grite, "Meu Amor". Eu só quero um beijo seu.  O que o fez mudar? Ou foi Andreia encantada que não percebeu ?  O que acontecerá? Alguém virá salvá-la? 15ª PARTE Agora, o rapaz segurava firmemente seu rosto, de modo que a menina não conseguia olhar para outro lado ou desviar-se. "Seu Amor" voltou a rir com vontade, exibindo as gengivas vermelhas. — Você estava apaixonada por mim ou pelos meus dentes? Apesar da risada, a expressão do rosto dele era de pura raiva. Apertou o rosto de Andréia com mais força e inquiriu: — Vamos, responda! Sem dentes eu não sirvo? Que porcaria de amor é esse que não resiste a uma pequena falha? Sem fôlego, a menina não conseguia responder. Queria apenas sumir dali. Rezava para que alguém aparecesse, mas os últimos músicos já tinham partido. Estava absolutamente só com "Seu Amor" no jardim agora às escuras. Cada vez mais raivoso, ele prosseguiu: — Pois eu quero um beijo seu. E quero também seus dentes, todos eles. Quero esses dentes da cor da lua cheia.  O que ele fará com ela? 16ª PARTE Diante do terror da menina, cujo rosto permanecia preso entre os dedos do rapaz, "Seu Amor" sibilou: — Está com medo? Não se queixe, minha querida, você é uma garota de sorte. Destino pior teve a que me cedeu a pele, a que me deu os ossos, a linda menina que me doou esses belos olhos cor de violeta, ou sua amiga Karina, de quem herdei essa bela cabeleira. Andréia sufocou um grito de pavor. Lembrou-se de Karina e do indescritível sofrimento da amiga, submetida a uma quimioterapia que lhe podara os longos cabelos ruivos. Começou a chorar. "Seu Amor" ficou calado por alguns minutos, como se fosse muito divertido observar sua presa. Finalmente, suspirou: — De você, "Meu Amor", só quero os dentes. Antes que Andréia pudesse esboçar qualquer reação, ele a beijou. Como Andreia vai reagir? 17ª PARTE Os lábios do rapaz eram gelados. No entanto, no momento em que suas bocas se uniram, todo o medo desapareceu. Andréia foi tomada por uma suave tontura e percebeu que seu corpo relaxava. Era uma fraqueza que fazia seus joelhos dobrarem e toda a sua vontade desaparecer. Só percebia o som de seu coração, como um tambor selvagem repercutindo pelo corpo todo, cada vez mais forte, até que sua vista escureceu. Quando deu por si, estava caída no chão. Não havia ninguém por perto. Levantou-se e foi andando para casa a pé, ainda tonta. Muda o tempo e a personagem demonstra ser capaz de superar os acontecimentos da noite anterior. 18ª PARTE É um novo dia. E ela esquecerá o terror que viveu? No dia seguinte, acordou melhor. Parecia, de fato, que tudo não passara de um pesadelo. Animada, levantou-se e vestiu-se para ir à escola. O cheiro de café fresco feito pela mãe e do pão quentinho chegava até o quarto onde a menina se arrumava. Penteou os cabelos, prendeu um coque no alto da cabeça e sorriu para o espelho. Foi então que percebeu a falta de um dente, o incisivo superior do lado esquerdo. Deu um grito apavorado e levou a mão à boca. O canino superior do lado direito saiu na sua mão. Tateou a arcada. Estavam todos moles, pendurados na gengiva como roupas no varal em dia de ventania. Antes que pudesse gritar, ouviu a voz da mãe que anunciava: — Andréia, chegaram flores para você! 19ª PARTE Quem mandou as flores? Como ficará o final? E você caro ouvinte. Como terminaria esse conto? A senhora entrou no banheiro carregando uma braçada de rosas cor de violeta, salpicadas por vinte e oito rosas brancas. Havia um cartão. E dizia: "Jamais esquecerei seu sorriso. Vinte e oito dentes perfeitos, faltando apenas os de siso — que nascerão mais tarde. Mas quem precisa de siso quando chega à idade em que sonha em morrer de amor? Vinte e oito também são os dias que formam o ciclo da lua. Assim que ela voltar a brilhar em toda a sua plenitude, retornarei para dar em você um beijo perfeito. Com todos os dentes. "Seu Amor." 4- (Som final )