sábado, 28 de março de 2015

RAQUEL: conheça e apaixone-se

Biografia
Rachel de Queiroz nasceu em Fortaleza (CE), no dia 17 de novembro de 1910. Era filha de Daniel de Queiroz e de Clotilde Franklin de Queiroz, uma prima distante de José de Alencar, autor de "O Guarani".
Residiu até os três anos em Quixadá, no interior do Estado, onde seu pai exercia a função de Juiz de Direito. Em 1913, sua família voltou à capital cearense, pois o pai foi nomeado promotor. Um ano depois ele demitiu-se do cargo e passou a lecionar no Liceu de Fortaleza e a alfabetizar informalmente sua filha Rachel.
Em julho de 1917, transferiram-se para o Rio de Janeiro. O motivo foi a seca que assolou a região em 1915, episódio dramático que mais tarde foi narrado pela romancista em O Quinze, seu primeiro livro. A família permaneceu pouco tempo nas terras cariocas, de onde logo migrou para Belém do Pará e, após dois anos, regressou para Fortaleza.
Essa peregrinação durante a infância colaborou para que Rachel não freqüentasse uma escola até os 10 anos, quando foi matriculada no Colégio da Imaculada Conceição, para o curso normal. Diplomou-se aos 15 anos de idade, em 1925. Essa foi a sua única experiência com a educação formal.
Ainda em 1925, os Queiroz foram morar em Quixadá, na fazenda da família. Lá, Rachel dedicou-se à leitura de autores nacionais e europeus, e ensaiou seus primeiros escritos. Ela estreou no jornalismo em 1927 ao publicar, sob o pseudônimo de Rita de Queluz, um texto no jornal O Ceará, onde se tornou redatora efetiva.
foto da autorafoto da autora quando jovem
Com a publicação de O Quinze, em 1930, a escritora inaugurou o ciclo do romance nordestino, de fundo social. A crítica carioca da época recebeu com entusiasmo a obra e concedeu-lhe em 1931o prêmio da "Fundação Graça Aranha". A partir daí, Rachel destacou-se no cenário literário brasileiro.
Outros romances vieram. João Miguel foi publicado em 1932, Caminho de Pedrasem 1937, As Três Marias em 1939. Seu quinto romance, Dora Doralina, foi escrito após um intervalo de 36 anos e a primeira edição saiu em 1975.
Essa pausa não significou que a romancista tenha deixado de produzir. Em 1950, escreveu O Galo de Ouro, que foi divulgado em folhetins pela revista O Cruzeiro e publicado em livro apenas em 1985.
Nos anos 1930, no Rio de Janeiro, ela conheceu integrantes do Partido Comunista Brasileiro, ao qual se filiou e ajudou a fundar a sede cearense do partido. Porém, rompeu com a militância quando quiseram censurar o seu livroJoão Miguel.
Casou-se com o poeta José Auto da Cruz Oliveira, em 1932. Um ano depois, nasceu sua única filha Clotilde, que faleceu com 18 meses vítima de septicemia. A experiência da maternidade interrompida transparece em alguns de seus romances. Em 1939 seu casamento foi desfeito e Rachel mudou-se para o Rio de Janeiro.
Durante o Estado Novo (1937-1945), seus livros foram banidos sob a acusação de serem literatura subversiva, junto com obras de outros autores, como Jorge Amado, José Lins do Rego e Graciliano Ramos.
Seu segundo casamento foi com o médico Oyama de Macedo, que conheceu por intermédio de seu primo, o escritor Pedro Nava, em 1940. Essa relação durou até 1982, quando Rachel ficou viúva.
Além dos romances, a escritora dedicou-se semanalmente à produção de crônicas jornalísticas, na revista O Cruzeiro. Desde os anos 1930 ela colaborava com os jornais Correio da ManhãO Jornal e Diário da Tarde, mas em 1944 tornou-se cronista exclusiva da revista, onde permaneceu até 1975. Foram mais de 2 mil crônicas publicadas, as quais deram origem a vários de seus livros.
foto da autorafoto da autora
Rachel costumava dizer que era jornalista e que não gostava de escrever e o fazia para sobreviver. Mesmo assim, em 1957, sua obra recebeu da Academia Brasileira de Letras o Prêmio Machado de Assis.
O golpe militar de 1964, que instaurou uma ditadura de 20 anos no país, foi apoiado por Rachel de Queiroz, que inclusive era parente próxima do presidente Humberto Castello Branco. Essa aproximação com o regime militar gerou um esfriamento com os círculos literários, mais voltados à defesa da democracia. Para uma ex-comunista e trotskista assumida, a postura surpreendeu a muitos.
Em 1966, ela foi escolhida como delegada do Brasil na 21ª. Sessão da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), junto à Comissão dos Direitos do Homem. No ano seguinte, passou a integrar o Conselho Federal de Cultura, onde permaneceu até 1985.
Rachel de Queiroz tornou-se a primeira mulher a ser eleita para a Academia Brasileira de Letras, em 1977, e passou a ocupar a cadeira número 5, ao lado dos imortais.
O romance Memorial de Maria Moura, considerado sua obra-prima, foi publicado em 1992 e, em 1994, foi adaptado como minissérie para a televisão.
Junto com a sua irmã Maria Luiza, ela escreveu o livro de memórias Tantos anos, em 1995, e Não me Deixes - Suas histórias e sua cozinha, em 2000.
A cronista, romancista e teatróloga faleceu no dia 4 de novembro de 2003, poucos dias antes de completar 93 anos, vítima de um infarto do miocárdio, enquanto dormia na rede de sua casa, no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro.
Rachel de Queiroz deixou inédito o livro Visões: Maurício Albano e Rachel de Queiroz, um registro de imagens fotográficas e textos sobre o Ceará, terra que sempre amou.
Ao longo da carreira, publicou 23 livros individuais e quatro em co-autoria. Além disso, traduziu 45 obras para o português. Sua obra é reconhecida internacionalmente e já foi traduzida e publicada em francês, inglês, alemão e japonês.

Livros da autora

Romance

·         O quinze
·         João Miguel
·         Caminho de pedras
·         As três Marias
·         Dôra, Doralina
·         O galo de ouro - folhetim na revista O Cruzeiro
·         Obra reunida
·         Memorial de Maria Moura

Infantis

·         O menino mágico
·         Cafute & Pena-de-Prata
·         Andira
·         Cenas brasileiras - Para gostar de ler 17.

Teatro

·         Lampião
·         A beata Maria do Egito
·         Teatro
·         O padrezinho santo
·         A sereia voadora

Crônica

·         A donzela e a moura torta
·         100 Crônicas escolhidas
·         O brasileiro perplexo
·         O caçador de tatu
·         As menininhas e outras crônicas
·         O jogador de sinuca e mais historinhas
·         Mapinguari
·         As terras ásperas
·         O homem e o tempo - 74 crônicas escolhidas
·         A longa vida que já vivemos
·         Um alpendre, uma rede, um açude: 100 crônicas escolhidas
·         Cenas brasileiras
·         Xerimbabo (ilustrações de Graça Lima)
·         Falso mar, falso mundo - 89 crônicas escolhidas

NÃO ME DEIXES > Aconchego de Rachel de Queiroz vira atração turística

Quixadá > O recanto predileto de Rachel de Queiroz, primeira escritora a ingressar na Academia Brasileira de Letras (ABL), a fazenda Não Me Deixes, está atraindo o interesse de centenas de escolas publicas e privadas. Somente este ano mais de 500 visitantes estiveram na propriedade rural localizada no distrito de Daniel de Queiroz, a pouco mais de 30Km do Centro de Quixadá. Até o fim de julho mais caravanas de Fortaleza e de cidades do Interior conhecerão a fazenda e suas peculiaridades.
Quando chegam ao lugar, além de apreciarem os detalhes da casa projetada pela própria escritora, muitos ficam curiosos: porque “Não Me Deixes” ? Pacientemente os caseiros explicam a história repetidas vezes. Em 1870 o tio-avô de Rachel de Queiroz, Arcelino de Queiroz, deu a fazenda para um primo dela. Não demorou muito ele a vendeu para se aventurar na exploração de borracha, no Amazonas. Quando o tio soube, recuperou a fazenda e devolveu para o herdeiro que voltou pobre e doente. Mas o fez prometer que não sairia mais do local e o batizaria de “Não Me Deixes”.
Alguns anos mais tarde o primo da escritora morreu. Como não tinha herdeiros as terras foram para as mãos da avó de Rachel, por sua vez transferidas para o pai dela, Daniel de Queiroz Lima. Quando não tinha mais obrigações no Rio de Janeiro, onde morava, a escritora encontrava sossego na fazenda. Ela construiu a casa em 1955. Ela faleceu em 2003, no Rio de Janeiro. Á pedido dela a família mantém as características originais da casa até hoje. Toda a mobília também. Por iniciativa dela parte dos 928 hectares foram transformados em Reserva Particular do Patrimônio Natural.
A reserva particular de preservação tem 300 hectares e protege uma área de caatinga arbórea e arbustiva e uma parte para uso agrícola. Foi criada pela portaria nº 148/98 do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) em 5 de novembro de 1998. A área apresenta boas condições de conservação da vegetação sendo usada para soltura de aves e animais nativos apreendidos pelo Instituto em feiras e comércio irregular. Foi transformada em mais um ponto turístico da Terra dos Monólitos. Todavia, para conhecer a fazenda Não Me Deixes é preciso agendar a visita. Os contatos podem ser mantidos através da Fundação Cultural de Quixadá. Fone (88) 3414 4647

Rachel de Queiroz nasceu em Fortaleza, no dia 17 de novembro de 1910. Além de escritora, foi tradutora e jornalista. É autora de destaque na ficção social nordestina. Além se ser a primeira mulher Imortal da Academia Brasileira de Letras também foi a primeira mulher a receber o Prêmio Camões, equivalente ao Nobel, na língua portuguesa. É considera por muitos a maior escritora brasileira; para os quixadaenses, com certeza.

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