domingo, 13 de abril de 2014

Ler e Escrever: Estou aqui para aprender: Leitura deleite







Tocam
roça – plantam

Assentamento – no interior

Igreja verde – cemitério

Abestado – bobo, sem iniciativa

Mé – cachaça, pinga, bebida alcoólica

À rua – à cidade

Mode – porque

Baticum – taquicardia

Curuba – ferida, machucado

Dotora – doutora, médica

Rancho – compra de uma ou duas semanas

Turvo – escuro, noite

Juquira da grossa – trabalho pesado

Patroa – esposa

Homi – mulher ou homem

Quebra-jejum – café da manhã ou almoço

Avexado – apressado ou envergonhado

Pixicado – carne com outra mistura (legumes ou outras carnes)

Frito – farofa de carne ou frango

Modubim – amendoim

Mangolão – biscoito da região

Chambari – caldo de perna de vaca

Pegado – rapa de arroz

Arroz de leite – arroz doce

Simbireba – suco grosso com farinha de puba (farinha típica do norte e do
nordeste)

Passa-raiva – mamão

Jerimum – abóbora madura

Aipim – mandioca

Azuado – agitado

Seboso – sujo

Gongó gomado – calção passado a ferro

Lambreta – sandália

Tapioca – polvilho

Jóia – prenda para a festa da igreja

Boroca – sacola para viagem

Banzo – tristeza, moleza

Curiando – olhando, observando

Cunhã – índia

Tibuzana – barulho intenso, bagunça, algazarra

Rango – comida, almoço

Aperreado – apressado, agitado, nervoso

Batido as botas – morrido

Sentinela – enterro, sepultamento

Farda – uniforme escolar

Corno – besta, atrapalhado, sem vergonha

Cria – filha

Mal de sete dias – tétano

Paninho – fralda

Espiá – olhar
O GATO PRETO

(Edgar Allan Poe)




Para a muito estranha embora muito familiar narrativa que estou a escrever, não
espero nem solicito crédito. Louco, em verdade, seria eu para esperá-lo, num
caso em que meus próprios sentidos rejeitam seu próprio testemunho. Contudo,
louco não sou e com toda a certeza não estou sonhando. Mas amanhã morrerei e
hoje quero aliviar minha alma. Meu imediato propósito é apresentar ao mundo,
plena, sucintamente e sem comentários, uma série de simples acontecimentos
domésticos. Pelas suas conseqüências, estes acontecimentos, me aterrorizam, me torturaram
e me aniquilaram. Entretanto, não tentarei explicá-los. Para mim, apenas se
apresentam cheios de horror. Para muitos, parecerão menos terríveis do que
grotescos. Mais tarde, talvez, alguma inteligência se encontre que reduza meu
fantasma a um lugar comum, alguma inteligência mais calma, mais lógica, menos
excitável do que a minha e que perceberá nas circunstâncias que pormenorizo com
terror apenas a vulgar sucessão de causas e efeitos, bastante naturais.



Salientei-me desde a infância, pela docilidade e humanidade de meu caráter.
Minha ternura de coração era mesmo tão notável que fazia de mim motivo de troça
de meus companheiros. Gostava de modo especial de animais e meus pais permitiam
que eu possuísse grande variedade de bichos favoritos. Gastava com eles a maior
parte do meu tempo e nunca me sentia tão feliz como quando lhes dava comida e
os acariciava. Esta particularidade de caráter aumentou com o meu crescimento
e, na idade adulta, dela extraia uma de minhas principais fontes de prazer.
Àqueles que tem dedicado a afeição a um cão fiel e inteligente pouca
dificuldade tenho em explicar a natureza ou a intensidade da recompensa que daí
deriva. Há qualquer coisa no amor sem egoísmo e abnegado de um animal que
atinge diretamente o coração de quem tem tido freqüentes ocasiões de
experimentar a amizade mesquinha e a fidelidade frágil do simples Homem.



Casei-me ainda moço e tive a felicidade de encontrar em minha mulher um caráter
adequado ao meu. Observando minhas predileções pelos animais domésticos, não
perdia ela a oportunidade de procurar os das espécies mais agradáveis. Tínhamos
pássaros, peixes dourados, um lindo cão, coelhos, um macaquinho e um gato. Este
último era um belo animal, notavelmente grande, todo preto e de uma sagacidade
de espantar. Ao falar da inteligência dele, mulher que no íntimo não tinha nem
um pouco de superstição, fazia freqüentes alusões à antiga crença popular que
olhava todos os gatos pretos como feiticeiras disfarçadas. Não que ela se
mostrasse jamais séria preocupação a respeito desse ponto, e eu só menciono
isso final, pelo simples fato de, justamente agora, ter-me vindo à lembrança.



Plutão - assim se chamava o gato - era o meu preferido e companheiro. Só eu lhe
dava de comer e ele me acompanhava por toda a parte da casa, por onde eu
andasse. Era mesmo com dificuldade que eu conseguia impedi-lo de acompanhar-me
pelas ruas. Nossa amizade durou, desta maneira, muitos anos, nos quais , meu
temperamento geral e meu caráter - graças à diabólica esperança - tinham
sofrido (coro de confessá-lo) radical alteração para pior. Tornava-me dia a dia
mais taciturno, mais irritável, mais descuidoso dos sentimentos alheios.
Permiti me mesmo usar linguagem brutal para com minha mulher. Por fim, cheguei
mesmo a usar de violência corporal. Meus bichos, sem dúvida, tiveram que sofrer
essa mudança de meu caráter. Não somente descuidei-me deles, como os
maltratava.



Quanto a Plutão, porém, tinha para com ele, ainda, suficiente consideração que
me impedia de maltratá-lo, ao passo que não tinha escrúpulos em maltratar os
coelhos, o macaco ou mesmo o cachorro, quando, por acaso ou por afeto, se
atravessavam em meu caminho. Meu mal, contudo, aumentava, pois que outro mal se
pode comparar ao álcool?



E, por fim, até mesmo Plutão, que estava agora ficando velho e, em
conseqüência, um tanto impertinente, até mesmo Plutão começou a experimentar do
meu mau temperamento.



Certa noite, de volta a casa, bastante embriagado, de uma das tascas dos
subúrbios, supus que o gato evitava minha presença. Agarrei-o, mas, nisto,
amedrontado com a minha violência ele me deu uma leve dentada na mão. Uma fúria
diabólica apossou-se instantaneamente de mim. Cheguei a desconhecer-me. Parecia
que alma original me havia abandonado de repente o corpo e uma maldade mais do
que satânica, saturada de álcool, fazia vibrar todas as fibras de meu corpo.
Tirei do bolso do colete um canivete, abri, agarrei o pobre animal pela
garganta e, deliberadamente, arranquei-lhe um dos olhos da órbita! Coro,
abraso-me, estremeço ao narrar a condenável atrocidade.



Quando, com a manhã, me voltou a razão, quando, com o sono desfiz os fumos da
noite de orgia, experimentei uma sensação meio de horror, meio de remorso pelo
crime de que me tornara culpado. Mas era, quando muito, uma sensação fraca e
equívoca e a alma permanecia insensível. De novo mergulhei em excessos e logo
afoguei no vinho toda a lembrança do meu ato.



Enquanto isso o gato, pouco a pouco, foi sarando. A órbita do olho arrancado
tinha, é verdade, uma horrível aparência, mas ele parecia não sofrer mais
nenhuma dor. Andava pela casa como de costume, mas, como era de esperar, fugia
com extremo terror a minha aproximação. Restava-me ainda bastante de meu antigo
coração, para que me magoasse, a princípio, aquela evidente aversão por parte
de uma criatura que tinha sido outrora tão amada por mim. Mas esse sentimento
em breve deu lugar à irritação. E então apareceu, como para minha queda final e
irrevogável, o espírito de perversidade. Desse espírito não cuida a filosofia.
Entretanto, tenho menos certeza da existência de minha alma do que de ser essa
perversidade um dos impulsos primitivos do coração humano, uma das indivisíveis
faculdades primárias, ou sentimentos, que dão direção ao caráter do homem.



Quem não se achou centenas de vezes a cometer um ato vil ou estúpido, sem outra
razão senão a de saber que não devia cometê-lo? Não temos nós uma perpétua
inclinação apesar de nosso melhor bom-senso, para violar o que é a lei, pelo
simples fato de compreendermos que ela é a Lei? O espírito de perversidade,
repito, veio a causar, minha derrocada final. Foi esse anelo insondável da
alma, de torturar-se a si próprio, de violentar a sua própria natureza, de
praticar o mal que pelo mal, que me levou a continuar e, por fim, a consumar a
tortura que já havia infringido ao inofensivo animal.



Certa manhã, a sangue-frio, enrolei em seu pescoço e enforquei-o no ramo de uma
árvore, enforquei-o com as lágrimas jorrando-me dos olhos e com o mais amargo
remorso no coração. Enforquei-o porque sabia que ele me tinha amado e porque
sentia que ele não me tinha dado razão para ofendê-lo. Enforquei-o porque sabia
que, assim fazendo, estava cometendo um pecado, um pecado mortal, que iria pôr
em perigo a minha alma imortal, colocando-a - se tal coisa fosse possível -
mesmo fora do alcance da infinita misericórdia do mais misericordioso terrível
Deus.



Na noite do dia no qual pratiquei essa crudelíssima façanha fui despertado do
sono pelos gritos de: "Fogo!" As cortinas de minha cama estavam em
chamas. A casa inteira ardia. Foi com grande dificuldade que minha mulher, uma
criada e eu mesmo conseguimos escapar ao incêndio. A destruição foi completa.
Toda a minha fortuna foi tragada, e entreguei-me desde então ao desespero.



Não tenho a fraqueza de buscar estabelecer uma relação de causa e efeito entre
o desastre e a atrocidade, mas estou relatando um encadeamento de fatos e não
desejo que nem mesmo um possível elo seja negligenciado. Visitei os escombros
no dia seguinte ao incêndio. Todas as paredes tinham caído, exceto uma, e esta
era de um aposento interno, não muito grossa, que se situava mais ou menos no
meio da casa e contra a qual permanecera a cabeceira de minha cama. O estuque
havia, em grande parte, resistido ali à ação do fogo, fato que atribui a ter
sido ele recentemente colocado. Em torno dessa parede reuniu-se compacta
multidão e muitas pessoas pareciam estar examinando certa parte especial dela,
com uma atenção muito ávida e minuciosa. As palavras "estranho,
singular!" e expressões semelhantes excitaram minha curiosidade.
Aproximei-me e vi, como se gravada em baixo-relevo sobre a superfície branca, a
figura de um gato gigantesco. A imagem fora reproduzida com uma nitidez
verdadeiramente maravilhosa. Havia uma corda em redor do pescoço do animal.



Ao dar, a princípio, com essa aparição, pois não podia deixar de considerá-la
senão isso - meu espanto e meu terror foram extremos. Mas, afinal, a reflexão
veio em meu auxilio. O gato, lembrava-me, tinha sido enforcado num jardim,
junto da casa. Ao alarme de fogo, esse jardim se enchera imediatamente de povo
e alguém deve ter cortado a corda que prendia o animal à árvore e o lançara por
uma janela aberta dentro de meu quarto. Isto fora provavelmente feito com o
propósito de despertar-me. A queda de outras paredes tinha comprimido a vítima
de minha crueldade de encontro à massa do estuque, colocado de pouco, cuja cal,
com as chamas e o amoníaco do cadáver, traçara então a imagem tal como a vimos.



Embora assim prontamente procurasse satisfazer a minha razão, senão de todo a
minha consciência, a respeito do surpreendente fato que acabo de narrar, nem
por isso deixou ele de causar profunda impressão na minha imaginação. Durante
meses, eu não me pude libertar do fantasma do gato e, nesse período, voltava-me
ao espírito um vago sentimento que parecia remorso, mas não era. Cheguei a
ponto de lamentar a perda do animal e de procurar, entre as tascas ordinárias
que eu agora habitualmente freqüentava, outro bicho da mesma espécie e de
aparência um tanto semelhante com que substituí-lo.



Certa noite, sentado, meio embrutecido, num antro mais que infame, minha
atenção foi de súbito atraída para uma coisa preta que repousava em cima de um
dos imensos barris de genebra ou de rum que constituíam a principal mobília da
sala. Estivera a olhar fixamente para o alto daquele barril, durante alguns
minutos, e o que agora me causava surpresa era o fato de que não houvesse
percebido mais cedo a tal coisa ali situada.



Aproximei-me e toquei-a com a mão um gato preto, um gato bem grande, tão grande
como Plutão, e totalmente semelhante a ele, exceto em um ponto. Plutão não
tinha pêlos brancos em parte alguma do corpo, mas este gato tinha uma grande,
embora imprecisa, mancha branca cobrindo quase toda a região do peito.



Logo que o toquei, ele imediatamente se levantou, ronronou alto, esfregou-se
contra minha mão e pareceu satisfeito com o meu carinho. Era pois, aquela a
criatura mesma que eu procurava. Imediatamente, tentei comprá-lo ao taverneiro,
mas este disse que não lhe pertencia o animal, nada sabia a seu respeito e
nunca o vira antes.



Continuei minhas carícias, e, quando me preparei para voltar para casa, o
animal deu mostras de querer acompanhar-me. Deixei que assim o fizesse,
curvando-me, às vezes, e dando-lhe palmadinhas, enquanto seguia. Ao chegar à
casa, ele imediatamente se familiarizou com ela e se tornou desde logo grande
favorito de minha mulher.



De minha parte, depressa comecei a sentir despertar-se em mim antipatia contra
ele. Isto era, precisamente, o reverso do que eu tinha previsto, mas - não sei
como ou por quê - sua evidente amizade por mim antes me desgostava e aborrecia.
Lenta e gradativamente esses sentimentos de desgosto e aborrecimento se
transformaram na amargura do ódio. Evitava o animal; certa sensação de vergonha
e a lembrança de minha antiga crueldade impediam-me de maltratá-lo fisicamente.



Durante algumas semanas abstive-me de bater-lhe ou de usar contra ele de
qualquer outra violência; mas gradualmente, bem gradualmente, passei a
encará-lo com indizível aversão e a esquivar-me, silenciosamente, à sua odiosa
presença, como a um hálito pestilento.



O que aumentou sem dúvida meu ódio pelo animal foi a descoberta, na manhã
seguinte à em que o trouxera para casa, de que como Plutão, fora também privado
de um de seus olhos. Essa circunstância, porém, só fez aumentar o carinho de
minha mulher por ele; ela, como já disse, possuía, em alto grau, aquela
humanidade de sentimento que fora outrora o traço distintivo e a fonte de
muitos dos meus mais simples e mais puros prazeres.



Com a minha aversão àquele gato, porém, sua predileção por mim parecia
aumentar. Acompanhava meus passos com uma pertinácia que o leitor dificilmente
compreenderá. Em qualquer parte onde me sentasse, enroscava-se ele debaixo de
minha cadeira ou pulava sobre meus joelhos, cobrindo-me com suas carícias
repugnantes. Se me levantava para andar, metia-se entre meus pés, quase a
derrubar-me, ou cravando suas longas e agudas garras em minha roupa, subia
dessa maneira até o meu peito. Nessas ocasiões, embora tivesse o desejo ardente
de matá-lo com uma pancada, era impedido de fazê-lo, em parte por me lembrar de
meu crime anterior mas, principalmente - devo confessá-lo sem demora -, por
absoluto pavor do animal.



Esse pavor não era exatamente um pavor de mal físico e, contudo, não saberia
como defini-lo de outra forma. Tenho quase vergonha de confessar - sim, mesmo
nesta cela de criminoso, tenho quase vergonha de confessar que o terror e o
horror que o animal me inspirava tinham sido aumentados por uma das mais
simples quimeras que seria possível conceber. Minha mulher chamara mais de uma
vez minha atenção para a natureza da marca de pêlo branco de que falei e que
constituía a única diferença visível entre o animal estranho e o que eu havia
matado. O leitor há de recordar-se que esta mancha, embora grande, fora a
princípio de forma bem imprecisa. Mas por leves gradações, gradações quase
imperceptíveis e que, durante muito tempo, a razão forcejou para rejeitar como
imaginárias, tinha afinal assumido uma rigorosa precisão de contorno. Era agora
a reprodução de um objeto que tremo em nomear e por isso, acima de tudo, eu
detestava e temia o monstro e ter-me- ia livrado dele, se o ousasse. Era agora,
digo, a imagem de uma coisa horrenda, de uma coisa apavorante. . . a imagem de
uma forca! Oh, lúgubre e terrível máquina de horror e de crime, de agonia e de
morte!



E então eu era em verdade um desgraçado, mais desgraçado que a própria desgraça
humana. E um bronco animal, cujo companheiro eu tinha com desprezo destruído,
um bronco animal preparava para mim - para mim, homem formado à imagem do Deus
Altíssimo - tanta angústia intolerável! Ai de mim! Nem de dia nem de noite
era-me dado mais gozar a bênção do repouso! Durante o dia, o bicho não me
deixava um só momento e, de noite, eu despertava, a cada instante, de sonhos de
indizível pavor, para sentir o quente hálito daquela coisa no meu rosto e o seu
enorme peso, encarnação de pesadelo, que eu não tinha forças para repelir,
oprimindo eternamente o meu coração!



Sob a pressão de tormentos tais como estes, os fracos restos de bondade que
haviam em mim sucumbiram. Meus únicos companheiros eram os maus pensamentos, os
mais negros e maléficos pensamentos.O mau-humor de meu temperamento habitual
aumentou, levando-me a odiar todas as coisas e toda a humanidade. Minha
resignada esposa, porém, era a mais constante e mais paciente vítima das
súbitas, freqüentes e indomáveis explosões de uma fúria a que eu agora me
abandonava cegamente.



Certo dia ela me acompanhou, para alguma tarefa doméstica, até a adega do velho
prédio que nossa pobreza nos compelira a ter de habitar. O gato desceu os
degraus seguindo-me e quase me lançou ao chão, exasperando-me até a loucura.
Erguendo um machado e esquecendo na minha cólera o medo pueril que tinha até
ali sustido minha mão, descarreguei um golpe no animal, que teria, sem dúvida,
sido instantaneamente fatal se eu o houvesse assestado como desejava.



Mas esse golpe foi detido pela mão de minha mulher. Espicaçado por esta essa
intervenção, com uma raiva mais do que demoníaca, arranquei meu braço de sua
mão e enterrei o machado no seu crânio. Ela caiu morta imediatamente, sem um
gemido.



Executado tão horrendo crime, logo e com inteira decisão entreguei-me à tarefa
de ocultar o corpo. Sabia que não podia removê-lo da casa nem de dia nem de
noite, sem correr o risco de ser observado pelos vizinhos. Muitos projetos me
atravessavam a mente. Em dado momento pensei em cortar o cadáver em pedaços
miúdos e queimá-los. Em outro, resolvi cavar uma cova para ele no chão da
adega. De novo, deliberei lançá-lo no poço do pátio, metê-lo num caixote, como
uma mercadoria, com os cuidados usuais, e mandar um carregador retirá-lo da
casa. Finalmente, detive-me no considerei um expediente bem melhor que qualquer
um destes. Decidi emparedá-lo na adega, como se diz que os monges da Idade
média emparedavam suas vítimas.



Para um objetivo semelhante estava a adega bem adaptada. Suas paredes eram de
construção descuidada e tinham sido ultimamente recobertas, por completo, de um
reboco grosseiro, cujo endurecimento a umidade da atmosfera impedira. Além
disso, em uma das paredes havia uma saliência causada por uma falsa chaminé ou
lareira que fora tapada para não se diferençar do resto da adega. Não tive
dúvidas de que poderia prontamente retirar os tijolos naquele ponto, introduzir
o cadáver e emparedar tudo como antes, de modo que olhar algum pudesse
descobrir qualquer coisa suspeita. E não me enganei nesse cálculo. Por meio do
um gancho, desalojei facilmente os tijolos e, tendo cuidadosamente depositado o
corpo contra a parede interna, sustentei-o nessa posição, enquanto, com pequeno
trabalho, repus toda a parede no seu estado primitivo. Tendo procurado
argamassa, areia e fibra, com todas as precauções possíveis, preparei um
estuque que não podia ser distinguido do antigo e com ele, cuidadosamente,
recobri o novo entijolamento. Quando terminei, senti-me satisfeito por ver que
tudo estava direito. A parede não apresentava a menor aparência de ter sido
modificada. Fiz a limpeza do chão, com o mais minucioso cuidado. Olhei em torno
com ar triunfal e disse a mim mesmo: "Aqui, pelo menos pois, meu trabalho
não foi em vão!"



Tratei, em seguida, de procurar o animal que fora causa de tamanha desgraça,
pois resolvera afinal decididamente matá-lo. Se tivesse podido encontrá-lo
naquele instante, não poderia haver dúvida a respeito de sua sorte. Mas parecia
que o manhoso animal ficara alarmado com a violência de minha cólera anterior e
evitava arrostar a minha raiva do momento.



É impossível descrever ou imaginar a profunda e abençoada sensação de alívio
que a ausência da detestada criatura causava no meu íntimo. Não me apareceu
durante a noite. E assim, por uma noite pelo menos, desde que ele havia entrado
pela casa, dormi profunda e tranqüilamente. Sim, dormi, mesmo com o peso de uma
morte na alma.



O segundo e o terceiro dia se passaram e, no entanto, o meu carrasco não
apareceu. Mais uma vez respirei como um livre. Aterrorizado, o monstro
abandonara a casa para sempre! Não mais o veria! Minha ventura era suprema!
Muito pouco me perturbava a culpa de minha negra ação. Poucos interrogatórios
foram feitos e tinham sido prontamente respondidos. Dera-se mesmo uma busca,
mas, sem dúvida, nada foi encontrado. Considerava assegurada a minha futura
felicidade.



No quarto dia depois do crime, chegou, bastante inesperadamente à casa um grupo
de policiais, que procedeu de novo a investigação dos lugares. Confiando,
porém, na impenetrabilidade do meu esconderijo, não senti o menor incômodo. Os
agentes ordenaram-me que os acompanhasse em sua busca. Nenhum escaninho ou
recanto deixaram inexplorado. Por fim, pela terceira ou quarta vez, desceram à
adega. Nenhum músculo meu estremeceu. Meu coração batia calmamente, como o de
quem dorme o sono da inocência. Caminhava pela adega de ponta a ponta; cruzei
os braços no peito e passeava tranqüilo para lá e para cá. Os policiais ficaram
inteiramente satisfeitos e prepararam-se para partir. O júbilo de coração era
demasiado forte para ser contido. Ardia por dizer ao menos uma palavra, a modo
de triunfo, e para tornar indubitavelmente segura a certeza neles de minha
inculpabilidade.



- Senhores - disse, por fim, quando o grupo subia a escada - sinto-me encantado
por ter desfeito suas suspeitas. Desejo a todos saúde e um pouco mais de
cortesia. A propósito, cavalheiros, esta é uma casa muito bem construída. . .
(no meu violento desejo de dizer alguma coisa com desembaraço, eu mal sabia o
que ia falando). Posso afirmar que é uma casa excelentemente bem construída.
Estas paredes.. . já vão indo, senhores?. . . estas paredes estão solidamente
edificadas.Por simples frenesi de bravata, bati pesadamente com uma bengala que
tinha na mão justamente naquela parte do entijolamento, por trás do qual estava
o cadáver da mulher de meu coração.



Mas praza a Deus proteger-me e livrar-me das garras do demônio! Apenas
mergulhou no silêncio a repercussão de minhas pancadas e logo respondeu-me uma
voz do túmulo. Um gemido, a princípio velado e entrecortado como o soluçar de
uma criança, que depois, rapidamente se avolumou, num grito prolongado, alto e
contínuo, extremamente anormal e inumano, um urro, um guincho lamentoso, meio
de horror e meio de triunfo, como só do Inferno se pode erguer a um tempo, das
gargantas dos danados na sua agonia, e dos demônios que exultam na danação.



Loucura seria falar de meus próprios pensamentos. Desfalecendo, recuei até a
parede oposta. Durante um minuto, o grupo que se achava na escada ficou imóvel,
no paroxismo do medo e do pavor. Logo depois, uma dúzia de braços robustos se
atarefava em desmantelar a parede. Ela caiu inteiriça. O cadáver, já
grandemente decomposto, e manchado de coágulos de sangue, erguia-se, ereto, aos
olhos dos espectadores. Sobre sua cabeça, com a boca vermelha escancarada, o
olho solitário chispante, estava assentado o horrendo animal cuja astúcia me
induzira ao crime e cuja voz delatora me havia apontado ao carrasco.



Eu havia emparedado o monstro no túmulo!


(fim)
Macacos me mordam

(Fernando Sabino)


Morador de uma cidade do interior de Minas me deu conhecimento do fato: diz ele
que há tempos um cientista local passou telegrama para outro cientista, amigo
seu, residente em Manaus:



Obsequio providenciar remessa 1 ou 2 macacos”.



Necessitava ele de fazer algumas inoculações em macaco, animal difícil de ser
encontrado na localidade. Um belo dia, já esquecido da encomenda, recebeu
resposta:



“Providenciada remessa 600 restante seguirá oportunamente”.



Não entendeu bem: o amigo lhe arranjara apenas um macaco, por seiscentos
cruzeiros? Ficou aguardando, e só foi entender quando o chefe da estação veio
comunicar-lhe:



– Professor, chegou sua encomenda. Aqui esta o conhecimento para o senhor
assinar. Foi preciso trem especial.



E acrescentou:



– É macaco que não acaba mais!



Ficou aterrado: o telégrafo errara ao transmitir “1 ou 2 macacos”, transmitira
“1002 macacos”! E na estação, para começar, nada menos que seiscentos macacos
engaiolados aguardavam desembaraço. Telegrafou imediatamente ao amigo:



Pelo amor Santa Maria Virgem suspenda remessa restante”.



Ia para a estação, mas a população local, surpreendida pelo acontecimento, já
se concentrava ali, curiosa, entusiasmada, apreensiva:



– O que será que o professor pretende com tanto macaco?



E a macacada, impaciente e faminta, aguardava destino, empilhada em gaiolas na
plataforma da estação, divertindo a todos com suas macaquices. O professor não
teve coragem de aproximar-se: fugiu correndo, foi se esconder no fundo de sua
casa. A noite, porém, o agente da estação veio desentocá-la:



– Professor, pelo amor de Deus, vem dar um jeito naquilo.



O professor pediu tempo para pensar. O homem coçava a cabeça, perplexo:



– Professor, nós todos temos muita estima e muito respeito pelo senhor, mas
tenha paciência: se o senhor não der um jeito eu vou mandar trazer a macacada
para sua casa.



– Para minha casa? Você está maluco?



O impasse prolongou-se ao longo de todo o dia seguinte. Na cidade não se
comentava outra coisa, e os ditos espirituosos circulavam:



– Macacos me mordam!



– Macaco, olha o teu rabo.



A noite, como o professor não se mexesse, o chefe da estação convocou as pessoas
gradas do lugar: o prefeito, o delegado, o juiz.



– Mandar de volta por conta da prefeitura?



– A prefeitura não tem dinheiro para gastar com macacos.



– O professor muito menos.



– Já estão famintos, não sei o que fazer.



– Matar? Mas isso seria uma carnificina!



– Nada disso – ponderou o delegado: – Dizem que macaco guisado é um bom
prato...



Ao fim do segundo dia, o agente da estação, por conta própria, não tendo outra
alternativa, apelou para o último recurso – o trágico, o espantoso recurso da
pátria em perigo: soltar os macacos. E como os habitantes de Leide durante o
cerco espanhol, soltando os diques do mar do Norte para salvar a honra da
Holanda, mandou soltar os macacos. E os macacos foram soltos! E o mar do Norte,
alegre e sinistro, saltou para a terra com a braveza dos touros que saltam para
a arena quando se lhes abre o curral – ou como macacos saltam para a cidade
quando se lhes abre a gaiola. Porque a macacada, alegre e sinistra,
imediatamente invadiu a cidade em panico. Naquela noite ninguém teve sossego.
Quando a mocinha distraída se despia para dormir, um macaco estendeu o braço da
janela e arrebatou-lhe a camisola. No botequim, os fregueses da cerveja
habitual deram com seu lugar ocupado por macacos. A bilheteira do cinema,
horrorizada, desmaiara, ante o braço cabeludo que se estendeu através das
grades para adquirir uma entrada. A partida de sinuca foi interrompida porque
de súbito despregou-se do teto ao pano verde um macaco e fugiu com a bola 7. Ai
de quem descascasse preguiçosamente uma banana! Antes de levá-la à boca um
braço de macaco saído não se sabia de onde a surrupiava. No barbeiro, houve um
momento em que não restava uma só cadeira vaga: todas ocupadas com macacos. E
houve também o célebre macaco em casa de louças, nem um só pires restou
intacto. A noite passou assim, em polvorosa. Caçadores improvisados se
dispuseram a acabar com a praga – e mais de um esquivo notívago correu risco de
levar um tiro nas suas esquivanças, confundido com macaco dentro da noite.



No dia seguinte a situação perdurava: não houve aula na escola pública, porque
os macacos foram os primeiros a chegar. O sino da igreja badalava
freneticamente desde cedo, apinhado de macacos, ainda que o vigário houvesse
por bem suspender a missa naquela manhã, porque havia macaco escondido até na
sacristia.



Depois, com o correr dos dias e dos macacos, eles foram escasseando. Alguns
morreram de fome ou caçados implacavelmente. Outros fugiram para a floresta,
outros acabaram mesmo comidos ao jantar, guisados como sugerira o delegado, nas
mesas mais pobres. Um ou outro surgia ainda de vez em quando num telhado,
esquálido, assustado, com bandeirinha branca pedindo paz à molecada que o
perseguia com pedras. Durante muito tempo, porém, sua presença perturbadora
pairou no ar da cidade. O professor não chegou a servir-se de nenhum para suas
experiências. Caíra doente, nunca mais pusera os pés na rua, embora durante
algum tempo muitos insistissem em visitá-la pela janela.



Vai um dia, a cidade já em paz, o professor recebe outro telegrama de seu amigo
em Manaus:



Seguiu resto encomenda”.



Não teve dúvidas: assim mesmo doente, saiu de casa imediatamente, direto para a
estação, abandonou a cidade para sempre, e nunca mais se ouviu falar nele.



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Fonte: SABINO, Fernando. O homem nu: crônicas. São Paulo: Círculo do Livro,
s.d. p.56-58; 110-13.

Depois de
ler atentamente o texto "Macacos me mordam", responda às seguintes
perguntas:
01 - Quem
são os personagens que participam?
02 - Que
lugar que acontece a história?
03 - Qual
foi o pedido do professor?
04 -
Quantos macacos foram enviados na primeira remessa?
05 - O
que as pessoas pensavam em fazer com tantos macacos?
06 - De
que lugar que vieram os macacos?
07 - Por
que o pedido veio errado?
08 - Como
ficou o comportamento do professor?
09 - O
que o professor fez quando soube que viriam mais macacos?
10 - Que
parte da história mais chamou sua atenção? por quê?
TEXTO 1



O gato vaidoso



Moravam na mesma casa dois gatos iguaizinhos no pelo, mas desiguais na sorte.



Um, mimado pela dona, dormia em almofadões. Outro, no borralho.



Um passava a leite e comia no colo. O outro por feliz se dava com as espinhas
de peixe do lixo.



Certa vez cruzaram-se no telhado e o bichano de luxo arrepiou-se todo, dizendo:



___Passa de largo, vagabundo! Não vês que és pobre e eu sou rico? Que és gato
de cozinha e eu sou gato de salão? Respeita-me, pois, e passa de largo...



___ Alto lá, senhor orgulhoso! Lembra-te que somos irmãos, criados no mesmo
ninho.



___Sou nobre! Sou mais que tu!



___Em quê? Não mias como eu?



___ Mio.



___Não tens rabo como eu?



___Tenho.



___Não caças ratos como eu?



___ Caço.



___ Não comes rato como eu?



___Como.



___Logo, não passas de um simples gato igual a mim. Abaixa, pois, a crista
desse orgulho idiota e lembra-te que mais nobreza do que eu não tens... O que
tens é apenas um bocado mais de sorte...



___________________________________________

De acordo com texto assinale a alternativa correta:



1) Os gatos eram desiguais :

a) no pelo

b) na sorte

c) na linhagem



2) O gato vaidoso era muito :

a) orgulhoso

b) humilde

c) amigo



3) O gato orgulhoso se alimentava de:

a) espinhas de peixe

b) restos de lixo

c) leite



4) Escreva (V) para verdadeiro e (F) para falso

a) Os gatos têm o mesmo pelo, são iguaizinhos, porque são irmãos.

b) apesar de viverem em condições diferentes, os gatos tinham as mesmas
atitudes, como por exemplo, caçar ratos.

c) Os gatos se encontraram no telhado da casa.

d) Um gato tinha mais nobreza do que o outro apesar de serem iguais.



5) Escreva alguma mensagem podemos tirar deste texto?





________________________________________

TEXTO 2



Família de Gatos



Nós somos os três irmãos gatinhos, nossa mãe gata teve oito filhotes na mesma
ninhada.



Somente nós ficamos juntos, os outros cinco foram doados.



Gostamos muito de brincar, um dia pulamos corda, outro dia brincamos de bola e
as vezes fazemos longos passeios pela vizinhança.



Em um destes passeios quase nos metemos em uma tremenda encrenca, meu irmão, o
de camisa azul, propôs a nós dois que saíssemos para explorar o outro lado da
rua, nunca havíamos ido até lá, nossos passeios se limitavam ao nosso lado da
rua, duas casas para a direita e três casas para a esquerda de onde morávamos.



Relutei em aceitar, fizemos uma votação, o placar foi de dois a um, perdi e
tive de aceitar a decisão do grupo.



Eram mais ou menos três horas da tarde quando nossa aventura começou, saímos de
casa e paramos no meio fio, olhamos para um lado e para outro, tinha poucos
carros na rua, atravessamos sem problemas.



Do outro lado havia uma uma grande casa pintada de verde, entramos pelo vão do
portão e contornamos a construção, fomos parar em um grande e bonito jardim que
ficava atrás da casa, lá existiam muitos brinquedos espalhados pelo chão, estes
brinquedos certamente eram das crianças da casa, que não estavam ali por causa
do calor do meio da tarde.



Olhamos um para o outro e não hesitamos, brincamos com a bola vermelha, com a
gangorra amarela e com o trenzinho de seis vagões.



Nem percebemos e a noite chegou, foi quando decidimos voltar para casa,
retornamos pelo mesmo caminho, paramos novamente no meio fio e não acreditamos
no que víamos, eram carros e mais carros que passavam e não paravam, aquilo não
tinha fim.



Neste dia fizemos uma descoberta, é no inicio da noite que as pessoas voltam
para casa do trabalho e isto faz o número de automóveis na rua aumentar, tivemos
de esperar mais de duas horas para conseguir atravessar a rua.



Chegamos em casa depois das nove horas da noite. Ainda bem que as pessoas que
dirigem carros dormem, imagine só se não parasse de passar carros, talvez a
gente estivesse lá até hoje.



__________________________________________

Copie e responda as rerguntas abaixo:

Cada resposta é composta de apenas uma palavra.



1) Quantos gatinhos nasceram na mesma ninhada dos três irmãos gatos?



2) Quantos gatos foram doados?



3) A que horas os irmãos gatos saíram para a aventura no outro lado da rua?



4) O que existia atrás da casa verde e era grande e bonito?



5) Que cor era a bola com que eles brincaram?



6) Dos brinquedos citados no texto, qual era amarelo?



7) Segundo o texto, de onde as pessoas voltam para casa no inicio da noite?

TEXTO 1
Macacos me mordam

(Fernando Sabino)


Morador de uma cidade do interior de Minas me deu conhecimento do fato: diz ele
que há tempos um cientista local passou telegrama para outro cientista, amigo
seu, residente em Manaus:



Obsequio providenciar remessa 1 ou 2 macacos”.



Necessitava ele de fazer algumas inoculações em macaco, animal difícil de ser
encontrado na localidade. Um belo dia, já esquecido da encomenda, recebeu
resposta:



“Providenciada remessa 600 restante seguirá oportunamente”.



Não entendeu bem: o amigo lhe arranjara apenas um macaco, por seiscentos
cruzeiros? Ficou aguardando, e só foi entender quando o chefe da estação veio
comunicar-lhe:



– Professor, chegou sua encomenda. Aqui esta o conhecimento para o senhor
assinar. Foi preciso trem especial.



E acrescentou:



– É macaco que não acaba mais!



Ficou aterrado: o telégrafo errara ao transmitir “1 ou 2 macacos”, transmitira
“1002 macacos”! E na estação, para começar, nada menos que seiscentos macacos
engaiolados aguardavam desembaraço. Telegrafou imediatamente ao amigo:



Pelo amor Santa Maria Virgem suspenda remessa restante”.



Ia para a estação, mas a população local, surpreendida pelo acontecimento, já
se concentrava ali, curiosa, entusiasmada, apreensiva:



– O que será que o professor pretende com tanto macaco?



E a macacada, impaciente e faminta, aguardava destino, empilhada em gaiolas na
plataforma da estação, divertindo a todos com suas macaquices. O professor não
teve coragem de aproximar-se: fugiu correndo, foi se esconder no fundo de sua
casa. A noite, porém, o agente da estação veio desentocá-la:



– Professor, pelo amor de Deus, vem dar um jeito naquilo.



O professor pediu tempo para pensar. O homem coçava a cabeça, perplexo:



– Professor, nós todos temos muita estima e muito respeito pelo senhor, mas
tenha paciência: se o senhor não der um jeito eu vou mandar trazer a macacada
para sua casa.



– Para minha casa? Você está maluco?



O impasse prolongou-se ao longo de todo o dia seguinte. Na cidade não se
comentava outra coisa, e os ditos espirituosos circulavam:



– Macacos me mordam!



– Macaco, olha o teu rabo.



A noite, como o professor não se mexesse, o chefe da estação convocou as
pessoas gradas do lugar: o prefeito, o delegado, o juiz.



– Mandar de volta por conta da prefeitura?



– A prefeitura não tem dinheiro para gastar com macacos.



– O professor muito menos.



– Já estão famintos, não sei o que fazer.



– Matar? Mas isso seria uma carnificina!



– Nada disso – ponderou o delegado: – Dizem que macaco guisado é um bom
prato...



Ao fim do segundo dia, o agente da estação, por conta própria, não tendo outra
alternativa, apelou para o último recurso – o trágico, o espantoso recurso da
pátria em perigo: soltar os macacos. E como os habitantes de Leide durante o
cerco espanhol, soltando os diques do mar do Norte para salvar a honra da
Holanda, mandou soltar os macacos. E os macacos foram soltos! E o mar do Norte,
alegre e sinistro, saltou para a terra com a braveza dos touros que saltam para
a arena quando se lhes abre o curral – ou como macacos saltam para a cidade
quando se lhes abre a gaiola. Porque a macacada, alegre e sinistra,
imediatamente invadiu a cidade em panico. Naquela noite ninguém teve sossego.
Quando a mocinha distraída se despia para dormir, um macaco estendeu o braço da
janela e arrebatou-lhe a camisola. No botequim, os fregueses da cerveja
habitual deram com seu lugar ocupado por macacos. A bilheteira do cinema,
horrorizada, desmaiara, ante o braço cabeludo que se estendeu através das
grades para adquirir uma entrada. A partida de sinuca foi interrompida porque
de súbito despregou-se do teto ao pano verde um macaco e fugiu com a bola 7. Ai
de quem descascasse preguiçosamente uma banana! Antes de levá-la à boca um
braço de macaco saído não se sabia de onde a surrupiava. No barbeiro, houve um
momento em que não restava uma só cadeira vaga: todas ocupadas com macacos. E
houve também o célebre macaco em casa de louças, nem um só pires restou
intacto. A noite passou assim, em polvorosa. Caçadores improvisados se
dispuseram a acabar com a praga – e mais de um esquivo notívago correu risco de
levar um tiro nas suas esquivanças, confundido com macaco dentro da noite.



No dia seguinte a situação perdurava: não houve aula na escola pública, porque
os macacos foram os primeiros a chegar. O sino da igreja badalava freneticamente
desde cedo, apinhado de macacos, ainda que o vigário houvesse por bem suspender
a missa naquela manhã, porque havia macaco escondido até na sacristia.



Depois, com o correr dos dias e dos macacos, eles foram escasseando. Alguns
morreram de fome ou caçados implacavelmente. Outros fugiram para a floresta,
outros acabaram mesmo comidos ao jantar, guisados como sugerira o delegado, nas
mesas mais pobres. Um ou outro surgia ainda de vez em quando num telhado,
esquálido, assustado, com bandeirinha branca pedindo paz à molecada que o
perseguia com pedras. Durante muito tempo, porém, sua presença perturbadora
pairou no ar da cidade. O professor não chegou a servir-se de nenhum para suas
experiências. Caíra doente, nunca mais pusera os pés na rua, embora durante
algum tempo muitos insistissem em visitá-la pela janela.



Vai um dia, a cidade já em paz, o professor recebe outro telegrama de seu amigo
em Manaus:



Seguiu resto encomenda”.



Não teve dúvidas: assim mesmo doente, saiu de casa imediatamente, direto para a
estação, abandonou a cidade para sempre, e nunca mais se ouviu falar nele.



___________________

Fonte: SABINO, Fernando. O homem nu: crônicas. São Paulo: Círculo do Livro,
s.d. p.56-58; 110-13.
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Copie no
caderno as perguntas e faça as respostas.
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Depois de
ler atentamente o texto "Macacos me mordam", responda às seguintes
perguntas:
01 - O
que aconteceu de marcante nessa história?
02 - Quem
são os personagens que participam?
03 - Como
acontecem os fatos? Qual a sequência dos acontecimentos?
04 - Em
que lugar? Quais lugares são indicados no texto?
05 -
Quando aconteceu? Tem alguma indicação da época ou período na história?
06 - Por
quê o personagem teve problemas com a encomenda dos macacos? Por quê aconteceu
essa confusão?
07. O que
esses problemas causaram? Qual foi a consequência para o personagem principal?
O RESUMO
é uma atividade muito importante para a vida do estudante.Na prática, o resumo
é uma anotação simples das ideias principaisde um texto ou dos acontecimentos
mais importantes de uma história.
Agora, em
uma folha separada, dê um novo título para o texto acima e faça um resumo que
tenha, no mínimo 10 e no máximo 15 linhas.
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INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
TEXTO 2



A MENINA QUE FEZ A AMÉRICA

Eu vou morrer um dia, porque tudo que nasce também morre: bicho, planta,
mulher, homem. Mas histórias podem durar depois de nós. Basta que sejam postas
em folhas de papel e que suas letras mortas sejam ressuscitadas por olhos que
saibam ler. Por isso, aqui está para vocês o papel da minha história: uma
vida-menina para as meninas-dos-seus-olhos.

Vou contar…

Eu nasci no ano de 1890, numa pequena aldeia da Calábria, ao sul da Itália. E
onde fica a Itália?… É só olhar um mapa da Europa e procurar uma terra em forma
de bota, que dá um pontapé no Mar Mediterrâneo e um chute de calcanhar no Mar
Adriático.

É lá.

Lá, nessa terra entre mares, foi que eu nasci num dia de inverno, quando as
flores silvestres que perfumavam o ar puro dos campos da minha aldeia estavam à
espera do florescer da primavera. Saracema: este era o nome do lugar pequenino
onde eu nasci. Eu disse “era”, embora o lugar ainda existia e tenha crescido,
como eu também cresci. Mas, como nunca mais voltei para lá, acho que não pode
se mais o mesmo que conheci e onde vivi até os dez anos de idade. A Saracena de
1890 era aquela sem a comunicação do telefone, os sons do rádio e as imagens da
televisão nas casas; sem o eco dos carros e das motocicletas nas estradas ou o
ronco dos aviões sobre telhados. A música que andava no ar, nos tempos da minha
infância, vinha do canto dos pássaros, do chiar das rodas das carroças, das
batidas dos cascos dos cavalos, do burburinho do risco das crianças e do
lamento dos sinais das igrejas. Essa era a voz da terra onde começava a minha
vida e terminava o meu mundo.

Nunca cheguei a conhecer meu pai, Domenico Gallo. Só em retrato: um homem alto,
bonito, de finos bigodes. Dizem que ele ficou muito feliz quando eu e meu
irmãozinho Caetano nascemos. Ah, esqueci de dizer que meu nome é Fortunata e
que, quando menina, me chamavam de Fortunatella.

(Laurito, Ilka Brunhilde. A menina que fez a América. São Paulo, FTD)



Responda as Perguntas Abaixo:

a) Quando e onde a menina nasceu?

b) Até que idade ele viveu em Saracena?

c) Como a menina se chamava? Como a menina era chamada quando pequena?

d) Quem era Caetano e Domenico?

e) De que modo Fortunata conhecia seu pai?

f) Você acha que a menina teve uma infância feliz? Por quê?

g) Se você tivesse de dar outro título ao texto, qual seria? Por quê?



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TEXTO 2



Família de Gatos

Nós somos os três irmãos gatinhos, nossa mãe gata teve oito filhotes na mesma
ninhada.

Somente nós ficamos juntos, os outros cinco foram doados.

Gostamos muito de brincar, um dia pulamos corda, outro dia brincamos de bola e
as vezes fazemos longos passeios pela vizinhança.

Em um destes passeios quase nos metemos em uma tremenda encrenca, meu irmão, o
de camisa azul, propôs a nós dois que saíssemos para explorar o outro lado da
rua, nunca havíamos ido até lá, nossos passeios se limitavam ao nosso lado da
rua, duas casas para a direita e três casas para a esquerda de onde morávamos.

Relutei em aceitar, fizemos uma votação, o placar foi de dois a um, perdi e
tive de aceitar a decisão do grupo.

Eram mais ou menos três horas da tarde quando nossa aventura começou, saímos de
casa e paramos no meio fio, olhamos para um lado e para outro, tinha poucos
carros na rua, atravessamos sem problemas

Do outro lado havia uma uma grande casa pintada de verde, entramos pelo vão do
portão e contornamos a construção, fomos parar em um grande e bonito jardim que
ficava atrás da casa, lá existiam muitos brinquedos espalhados pelo chão, estes
brinquedos certamente eram das crianças da casa, que não estavam ali por causa
do calor do meio da tarde.

Olhamos um para o outro e não hesitamos, brincamos com a bola vermelha, com a
gangorra amarela e com o trenzinho de seis vagões.

Nem percebemos e a noite chegou, foi quando decidimos voltar para casa,
retornamos pelo mesmo caminho, paramos novamente no meio fio e não acreditamos
no que víamos, eram carros e mais carros que passavam e não paravam, aquilo não
tinha fim.

Neste dia fizemos uma descoberta, é no inicio da noite que as pessoas voltam
para casa do trabalho e isto faz o número de automóveis na rua aumentar,
tivemos de esperar mais de duas horas para conseguir atravessar a rua. Chegamos
em casa depois das nove horas da noite.

Ainda bem que as pessoas que dirigem carros dormem, imagine só se não parasse
de passar carros, talvez a gente estivesse lá até hoje.



Responda as Perguntas Abaixo:

Cada resposta é composta de apenas uma palavra.

1) Quantos gatinhos nasceram na mesma ninhada dos três irmãos gatos?

2) Quantos gatos foram doados?

3) A que horas os irmãos gatos saíram para a aventura no outro lado da rua?

4) O que existia atrás da casa verde e era grande e bonito?

5) Que cor era a bola com que eles brincaram?

6) Dos brinquedos citados no texto, qual era amarelo?

7) Segundo o texto, de onde as pessoas voltam para casa no inicio da noite?



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TEXTO 3

O gato vaidoso

Moravam na mesma casa dois gatos iguaizinhos no pelo, mas desiguais na sorte.
Um, mimado pela dona, dormia em almofadões.

Outro, no borralho. Um passava a leite e comia no colo. O outro por feliz se
dava com as espinhas de peixe do lixo.

Certa vez cruzaram-se no telhado e o bichano de luxo arrepiou-se todo, dizendo:

___Passa de largo, vagabundo! Não vês que és pobre e eu sou rico? Que és gato
de cozinha e eu sou gato de salão? Respeita-me, pois, e passa de largo...

___ Alto lá, senhor orgulhoso! Lembra-te que somos irmãos, criados no mesmo
ninho.

___Sou nobre! Sou mais que tu!

___Em quê? Não mias como eu?

___ Mio.

___Não tens rabo como eu?

___Tenho.

___Não caças ratos como eu?

___ Caço.

___ Não comes rato como eu?

___Como.

___Logo, não passas de um simples gato igual a mim. Abaixa, pois, a crista
desse orgulho idiota e lembra-te que mais nobreza do que eu não tens ___ o que
tens é apenas um bocado mais de sorte ...



De acordo com texto assinale a alternativa correta:



1) Os gatos eram desiguais :

a) no pelo

b) na sorte

c) na linhagem



2) O gato vaidoso era muito :

a) orgulhoso

b) humilde

c) amigo



3) O gato orgulhoso se alimentava de:

a) espinhas de peixe

b) restos de lixo

c) leite



4) Escreva (V) para verdadeiro e (F) para falso :

a) Os gatos têm o mesmo pelo, são iguaizinhos, porque são irmãos.

b) apesar de viverem em condições diferentes, os gatos tinham as mesmas
atitudes, como por exemplo, caçar ratos.

c) Os gatos se encontraram no telhado da casa.

d) Um gato tinha mais nobreza do que o outro apesar de serem iguais.



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TEXTO 4

A RAPOSA E AS UVAS

Uma raposa estava com muita fome. Foi quando viu uma parreira cheia de lindos
cachos de uva.

Imediatamente começou a dar pulos para ver se pegava as uvas. Mas a latada era
muito alta e, por mais que pulasse, a raposa não as alcançava.

— Estão verdes — disse, com ar de desprezo.

E já ia seguindo o seu caminho, quando ouviu um pequeno ruído.

Pensando que era uma uva caindo, deu um pulo para abocanhá-la. Era apenas uma
folha e a raposa foi-se embora, olhando disfarçadamente para os lados.
Precisava ter certeza de que ninguém percebera que queria as uvas.

Também é assim com as pessoas: quando não podem ter o que desejam, fingem que
não o desejam.

(12 fábulas de Esopo. Trad. por Fernanda Lopes de Almeida. São Paulo: Ática,
1994.)



TEXTO 5

A RAPOSA E AS UVAS

De repente a raposa, esfomeada e gulosa, fome de quatro dias e gula de todos os
tempos, saiu do areal do deserto e caiu na sombra deliciosa do parreiral que
descia por um precipício a perder de vista.

Olhou e viu, além de tudo, à altura de um salto, cachos de uva maravilhosos,
uvas grandes, tentadoras. Armou o salto, retesou o corpo, saltou, o focinho
passou a um palmo das uvas.

Caiu, tentou de novo, não conseguiu. Descansou, encolheu mais o corpo, deu tudo
o que tinha, não conseguiu nem roçar as uvas gordas e redondas. Desistiu,
dizendo entre dentes, com raiva: “Ah, também não tem importância. Estão muito
verdes”. E foi descendo, com cuidado, quando viu à sua frente uma pedra enorme.
Com esforço empurrou a pedra até o local em que estavam os cachos de uva, trepou
na pedra, perigosamente, pois o terreno era irregular, e havia o risco de
despencar, esticou a pata e… conseguiu! Com avidez, colocou na boca quase o
cacho inteiro. E cuspiu. Realmente as uvas estavam muito verdes!

Moral: A frustração é uma forma de julgamento como qualquer outra.

(Millôr Fernandes. Fábulas fabulosas. Rio de Janeiro: Nórdica, 1991. p. 118.)



1. Fábula é uma pequena narrativa, muito simples, em que as personagens
geralmente são animais.

a) Na fábula de Esopo, a raposa, com fome, vê “lindos cachos de uva”. Se os
cachos eram lindos, por que, então, a raposa diz que as uvas estavam verdes?

b) A raposa, não alcançando as uvas, vai embora. Que fato posterior a esse
comprova que a raposa mentia ao dizer que as uvas estavam verdes?



2. As fábulas sempre terminam com uma moral da história, isto é, com um
ensinamento.

a) Identifique no texto o parágrafo que contém a moral da fábula de Esopo.

b) Qual das frases abaixo traduz a ideia principal da fábula de Esopo?

• Quem não tem, despreza o que deseja.

• A mentira tem pernas curtas.

• Quem não tem o que deseja, sente inveja dos outros.



3. Compare a versão de Millôr Fernandes à de Esopo.

a) Até certo ponto da história, as duas fábulas são praticamente iguais. A
partir de que trecho a versão de Millôr fica diferente da versão de Esopo?

b) Qual é o fato da versão de Millôr que altera completamente a história?



4. Na fábula de Esopo, lemos: “a latada era muito alta e, por mais que pulasse,
a raposa não as alcançava”. Em qual das frases abaixo a expressão destacada tem
sentido mais aproximado ao da expressão por mais que?

a) Uma vez que pulava, a raposa não as alcançava.

b) A não ser que pulasse, a raposa não as alcançaria.

c) Mesmo que pulasse, a raposa não as alcançaria.

d) Quando pulava, a raposa não as alcançava.



5. Em seu texto, Millôr Fernandes empregou as expressões fome de quatro dias e
gula de todos os tempos.

a) Qual a diferença entre fome e gula?

b) O que significa gula de todos os tempos?



--------------------------------------------------

QUESTIONÁRIO

01. Leia o texto abaixo:

-- Tua mãe, tua avó, tua bisavó, Bento. Por que só mulheres nessa tua
ascendência?

-- Elas eram sempre mais corajosas que os homens.

Filipa sorriu:

-- É sempre assim.

Ele calou, detestando-se pelo que falara. Sabia o quanto era verdadeira a
ousadia das mulheres, o quanto eram covardes os homens na sua família. Ele
próprio, às vezes, diante de Filipa, não se sentia uma criança?

Ela continuou:

-- E ademais, Bento: te acreditas a salvo, porque atravessaste o mar, porque
estás a meses de barca do alcance da Inquisição. Tanta ingenuidade assoma os
limites da asneira. Deixa que eu te repita mais uma vez, meu caro Bento: os
braços da Inquisição são como os braços de um polvo. Lembras aquele que vimos
sobre as pedras do mar, em Olinda?

Ele lembrava.

-- Numerosos, longos, podendo se esticar, se espalhar além do corpo. E sabes
que o corpo da Santa Inquisição é enorme, uma coisa apodrecida e unida à massa
da Igreja. E, apesar de podre, a mais forte, a mais poderosa.

Ele reagiu:

-- Mas não chegarão aqui. O interesse da coroa é que esta parte do mundo seja
povoada. Cristãos-velhos ou novos, judeus ou não, importa que se multipliquem
as cabeças e os braços para a lavoura.



FERREIRA, Luzilá Gonçalves. Os rios turvos. Rio de Janeiro: Rocco, 1997. p. 49.



Analise as seguintes afirmações:



I. As mulheres da família de Bento se evidenciavam como atuantes e destemidas,
e ele tinha consciência disso.

II. Bento, na sua natural ingenuidade, ignora a força paralela que a mulher
exerce.

III. Filipa desacreditava na possibilidade de que, um dia, a Inquisição pudesse
chegar ao Brasil.

IV. Segundo Bento, os cristãos velhos ou os recém-convertidos, com suas proles,
povoariam o País.

V. O texto B, que trabalha um tema histórico, denota a dificuldade, no Brasil
colonial, para se acolherem novos judeus.



Assinale a alternativa que contempla as afirmativas corretas.

A) I e II.

B) II, III e V.

C) III, IV e V.

D) I e IV.

E) II e IV.



---------------------------------------

O texto a seguir é referência para as questões 02, 03, 04 e 05.

Reduzir a poluição causada pelos aerossóis – partículas em suspensão na
atmosfera, compostas principalmente por fuligem e enxofre – pode virar um
enorme tiro pela culatra. Estudo de pesquisadores britânicos e alemães revelou
que os aerossóis, na verdade, seguravam o aquecimento global. Isso porque eles
rebatem a luz solar para o espaço, estimulando a formação de nuvens (que também
funcionam como barreiras para a energia do sol). Ainda é difícil quantificar a
influência exata dos aerossóis nesse processo todo, mas as estimativas mais
otimistas indicam que, sem eles, a temperatura global poderia subir 4 ºC até
2100 – as pessimistas falam em um aumento de até 10º, o que nos colocaria
“dentro” de uma churrasqueira. Como os aerossóis podem causar doenças
respiratórias, o único jeito de lutar contra a alta dos termômetros é diminuir
as emissões de gás carbônico, o verdadeiro vilão da história.
(Superinteressante, dez. 2005, p. 16.)



02. Assinale a alternativa cujo sentido NÃO está de acordo com o sentido que a
expressão “pode virar um enorme tiro pela culatra” apresenta no texto.

a) Pode ter o efeito contrário do que se pretende.

b) Pode aumentar ainda mais o problema que se quer combater.

c) Pode fazer com que o aquecimento global aumente.

d) Pode provocar diminuição na formação de nuvens.

e) Pode aumentar a ocorrência de doenças respiratórias.



03. Assinale a alternativa cuja afirmativa mantém relações lógicas de acordo
com o texto.

a) Os aerossóis seguram o aquecimento global porém estimulam a formação de
nuvens.

b) Os aerossóis seguram o aquecimento global mas estimulam a formação de
nuvens.

c) Os aerossóis seguram o aquecimento global pois estimulam a formação de
nuvens.

d) Os aerossóis seguram o aquecimento global e estimulam a formação de nuvens.

e) Os aerossóis seguram o aquecimento global entretanto estimulam a formação de
nuvens.



04. Segundo o texto, “o verdadeiro vilão da história” é(são):

a) o aquecimento global.

b) as emissões de gás carbônico.

c) a formação de nuvens.

d) as doenças respiratórias.

e) as barreiras para a energia do sol.



05. O termo “pessimistas”, em destaque no texto, está se referindo às:

a) temperaturas.

b) pessoas.

c) influências.

d) estimativas.

e) barreiras.



06 Considere as seguintes previsões astrológicas:

I. Tanto a Lua como Vênus _______ a semana mais propícia a negociações.
(deixar)

II. Calma e tranqüilidade _______ em seus relacionamentos. (ajudar)

III. Discussões, contratempos financeiros, problemas sentimentais, nada o
________ nesta semana. (atrapalhar)

Assinale a alternativa em que os verbos entre parênteses completam o texto do
horóscopo acima de acordo com a norma culta.

a) deixará, ajudará, atrapalhará.

b) deixarão, ajudará, atrapalhará.

c) deixará, ajudarão, atrapalharão.

d) deixarão, ajudarão, atrapalharão.

e) deixarão, ajudarão, atrapalhará.



07. Considere o seguinte trecho:

Em vez do médico do Milan, o doutor José Luiz Runco, da Seleção, é quem deverá
ser o responsável pela cirurgia de Cafu. Foi ele quem operou o volante Edu e o
atacante Ricardo Oliveira, dois jogadores que tiveram problemas semelhantes no
ano passado.

O termo “ele”, em destaque no texto, refere-se:

a) ao médico do Milan.

b) a Cafu.

c) ao doutor José Luiz Runco.

d) ao volante Edu.

e) ao atacante Ricardo Oliveira.



08. Caindo na gandaia

O ex-campeão mundial dos pesos pesados Mike Tyson se esbaldou na noite
paulistana. Em duas noites, foi ao Café Photo e ao Bahamas, casas freqüentadas
por garotas de programa. Na madrugada da quinta-feira, foi barrado com seis
delas no hotel onde estava hospedado, deu gorjeta de US$ 100 a cada uma e foi
terminar a noite na boate Love Story. Irritado com o assédio, Tyson agrediu um
cinegrafista e foi levado para a delegacia. Ele vai responder por lesões
corporais, danos materiais e exercício arbitrário das próprias razões. (Época,
nº 391, nov. 2005.)

Segundo o texto, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

a) Mike Tyson estava irritado com o assédio das garotas de programa.

b) Mike Tyson foi preso em companhia das garotas.

c) Tyson foi liberado da delegacia por demonstrar exercício arbitrário de suas
razões.

d) Mike Tyson, em duas noites, esteve em três boates e uma delegacia.

e) Mike Tyson distribuiu US$ 100 em gorjetas e se esbaldou na noite paulistana.



09. Aparecem novos casos

Cinco novos casos de febre maculosa foram identificados no Rio de Janeiro
depois que a doença foi confirmada como causa da morte do superintendente da
Vigilância Sanitária Fernando Villas-Boas. A doença também provocou a morte do
jornalista Roberto Moura e a internação de um professor aposentado, um menino
de 8 anos e uma turista. Em São Paulo, uma garota de 12 anos morreu em
decorrência da doença. Ela foi picada por um carrapato quando passeava em um
parque. (Época, nº 391, nov. 2005.)

De acordo com as informações do texto acima, assinale a alternativa correta.

a) O texto não aponta a forma provável como a vítima paulista contraiu a febre
maculosa.

b) Todas as vítimas da febre maculosa morreram.

c) As vítimas fatais da febre maculosa foram infectadas no Rio de Janeiro.

d) Dos seis infectados, apenas dois sobreviveram.

e) O texto inclui Fernando Villas-Boas na contagem de casos de febre maculosa
no Rio de Janeiro.



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O texto a seguir é referência para as questões 01, 02, 03 e 04.



Reduzir a poluição causada pelos aerossóis – partículas em suspensão na
atmosfera, compostas principalmente por fuligem e enxofre – pode virar um
enorme tiro pela culatra. Estudo de pesquisadores britânicos e alemães revelou
que os aerossóis, na verdade, seguravam o aquecimento global. Isso porque eles
rebatem a luz solar para o espaço, estimulando a formação de nuvens (que também
funcionam como barreiras para a energia do sol). Ainda é difícil quantificar a
influência exata dos aerossóis nesse processo todo, mas as estimativas mais
otimistas indicam que, sem eles, a temperatura global poderia subir 4 ºC até
2100 – as pessimistas falam em um aumento de até 10º, o que nos colocaria
“dentro” de uma churrasqueira. Como os aerossóis podem causar doenças
respiratórias, o único jeito de lutar contra a alta dos termômetros é diminuir
as emissões de gás carbônico, o verdadeiro vilão da história.
(Superinteressante, dez. 2005, p. 16.)



01. Assinale a alternativa cujo sentido NÃO está de acordo com o sentido que a
expressão “pode virar um enorme tiro pela culatra” apresenta no texto.

a) Pode ter o efeito contrário do que se pretende.

b) Pode aumentar ainda mais o problema que se quer combater.

c) Pode fazer com que o aquecimento global aumente.

d) Pode provocar diminuição na formação de nuvens.

e) Pode aumentar a ocorrência de doenças respiratórias.



02. Assinale a alternativa cuja afirmativa mantém relações lógicas de acordo
com o texto.

a) Os aerossóis seguram o aquecimento global porém estimulam a formação de
nuvens.

b) Os aerossóis seguram o aquecimento global mas estimulam a formação de
nuvens.

c) Os aerossóis seguram o aquecimento global pois estimulam a formação de
nuvens.

d) Os aerossóis seguram o aquecimento global e estimulam a formação de nuvens.

e) Os aerossóis seguram o aquecimento global entretanto estimulam a formação de
nuvens.



03. Segundo o texto, “o verdadeiro vilão da história” é(são):

a) o aquecimento global.

b) as emissões de gás carbônico.

c) a formação de nuvens.

d) as doenças respiratórias.

e) as barreiras para a energia do sol.



04. O termo “pessimistas”, em destaque no texto, está se referindo às:

a) temperaturas.

b) pessoas.

c) influências.

d) estimativas.

e) barreiras.



05 Considere as seguintes previsões astrológicas:

I. Tanto a Lua como Vênus _______ a semana mais propícia a negociações.
(deixar)

II. Calma e tranqüilidade _______ em seus relacionamentos. (ajudar)

III. Discussões, contratempos financeiros, problemas sentimentais, nada o
________ nesta semana. (atrapalhar)

Assinale a alternativa em que os verbos entre parênteses completam o texto do
horóscopo acima de acordo com a norma culta.

a) deixará, ajudará, atrapalhará.

b) deixarão, ajudará, atrapalhará.

c) deixará, ajudarão, atrapalharão.

d) deixarão, ajudarão, atrapalharão.

e) deixarão, ajudarão, atrapalhará.



06. Considere o seguinte trecho:

Em vez do médico do Milan, o doutor José Luiz Runco, da Seleção, é quem deverá
ser o responsável pela cirurgia de Cafu. Foi ele quem operou o volante Edu e o
atacante Ricardo Oliveira, dois jogadores que tiveram problemas semelhantes no
ano passado.

O termo “ele”, em destaque no texto, refere-se:

a) ao médico do Milan.

b) a Cafu.

c) ao doutor José Luiz Runco.

d) ao volante Edu.

e) ao atacante Ricardo Oliveira.



07. Caindo na gandaia

O ex-campeão mundial dos pesos pesados Mike Tyson se esbaldou na noite
paulistana. Em duas noites, foi ao Café Photo e ao Bahamas, casas freqüentadas
por garotas de programa. Na madrugada da quinta-feira, foi barrado com seis
delas no hotel onde estava hospedado, deu gorjeta de US$ 100 a cada uma e foi
terminar a noite na boate Love Story. Irritado com o assédio, Tyson agrediu um
cinegrafista e foi levado para a delegacia. Ele vai responder por lesões
corporais, danos materiais e exercício arbitrário das próprias razões. (Época,
nº 391, nov. 2005.)

Segundo o texto, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

a) Mike Tyson estava irritado com o assédio das garotas de programa.

b) Mike Tyson foi preso em companhia das garotas.

c) Tyson foi liberado da delegacia por demonstrar exercício arbitrário de suas
razões.

d) Mike Tyson, em duas noites, esteve em três boates e uma delegacia.

e) Mike Tyson distribuiu US$ 100 em gorjetas e se esbaldou na noite paulistana.



08. Aparecem novos casos

Cinco novos casos de febre maculosa foram identificados no Rio de Janeiro
depois que a doença foi confirmada como causa da morte do superintendente da
Vigilância Sanitária Fernando Villas-Boas. A doença também provocou a morte do
jornalista Roberto Moura e a internação de um professor aposentado, um menino de
8 anos e uma turista. Em São Paulo, uma garota de 12 anos morreu em decorrência
da doença. Ela foi picada por um carrapato quando passeava em um parque.
(Época, nº 391, nov. 2005.)

De acordo com as informações do texto acima, assinale a alternativa correta.

a) O texto não aponta a forma provável como a vítima paulista contraiu a febre
maculosa.

b) Todas as vítimas da febre maculosa morreram.

c) As vítimas fatais da febre maculosa foram infectadas no Rio de Janeiro.

d) Dos seis infectados, apenas dois sobreviveram.

e) O texto inclui Fernando Villas-Boas na contagem de casos de febre maculosa
no Rio de Janeiro.



09. Leia o texto abaixo:

-- Tua mãe, tua avó, tua bisavó, Bento. Por que só mulheres nessa tua
ascendência?

-- Elas eram sempre mais corajosas que os homens.

Filipa sorriu:

-- É sempre assim.

Ele calou, detestando-se pelo que falara. Sabia o quanto era verdadeira a
ousadia das mulheres, o quanto eram covardes os homens na sua família. Ele
próprio, às vezes, diante de Filipa, não se sentia uma criança?

Ela continuou:

-- E ademais, Bento: te acreditas a salvo, porque atravessaste o mar, porque
estás a meses de barca do alcance da Inquisição. Tanta ingenuidade assoma os
limites da asneira. Deixa que eu te repita mais uma vez, meu caro Bento: os
braços da Inquisição são como os braços de um polvo. Lembras aquele que vimos
sobre as pedras do mar, em Olinda?

Ele lembrava.

-- Numerosos, longos, podendo se esticar, se espalhar além do corpo. E sabes
que o corpo da Santa Inquisição é enorme, uma coisa apodrecida e unida à massa
da Igreja. E, apesar de podre, a mais forte, a mais poderosa.

Ele reagiu:

-- Mas não chegarão aqui. O interesse da coroa é que esta parte do mundo seja
povoada. Cristãos-velhos ou novos, judeus ou não, importa que se multipliquem
as cabeças e os braços para a lavoura.

FERREIRA, Luzilá Gonçalves. Os rios turvos. Rio de Janeiro: Rocco, 1997. p. 49.



Analise as seguintes afirmações:

I. As mulheres da família de Bento se evidenciavam como atuantes e destemidas,
e ele tinha consciência disso.

II. Bento, na sua natural ingenuidade, ignora a força paralela que a mulher
exerce.

III. Filipa desacreditava na possibilidade de que, um dia, a Inquisição pudesse
chegar ao Brasil.

IV. Segundo Bento, os cristãos velhos ou os recém-convertidos, com suas proles,
povoariam o País.

V. O texto B, que trabalha um tema histórico, denota a dificuldade, no Brasil
colonial, para se acolherem novos judeus.

Assinale a alternativa que contempla as afirmativas corretas.

A) I e II.

B) II, III e V.

C) III, IV e V.

D) I e IV.

Exploradores de Caverna - ATIVIDADE

PRODUÇÃO DE TEXTO - O CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNA



Para desenvolver essa atividade, não faremos como uma proposta de redação
geral. O objetivo é uma breve análise dos argumentos prós e contras na referida
situação.



Inicialmente, em um ou dois parágrafos faça um breve resumo do fato acontecido
na caverna, a história em si.



Então, apresente, com suas palavras os motivos apresentado pelo(s) juiz(es) que
estavam propondo a condenação dos sobreviventes. Logo em seguida, discorra
sobre as opiniões que defendiam a absolvição.



Por fim, depois de explicar esses argumentos, fale sobre a decisão do tribunal
e comente sua opinião sobre a situação.

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